Depois de 30 anos e 135 voos, o fim se aproxima: a última missão da Atlantis é também o encerramento do programa de ônibus espaciais dos Estados Unidos.
Esta será a última vez que a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) vai receber uma nave norte-americana. Se o tempo permitir, nesta sexta-feira (08/07) a Atlantis decola da base da Flórida e, dias depois, acopla-se à estação para, mais uma vez, levar peças e refeições. A missão deve durar 12 dias. Quando voltar à Terra, a aeronave, assim como a Endeavour e a Discovery, será transferida para um museu.
STS-135 é o nome oficial da missão, dado pela Nasa, a agência especial norte-americana. Chris Ferguson, o comandante da tripulação, levou meses se preparando para a viagem. Isso inclui o treinamento das manobras para acoplar a nave, realizado na sede da agência, em Houston. Ferguson e os outros três membros da missão são astronautas experientes.
Para o chefe da tripulação, este é o terceiro voo espacial. "Em primeiro lugar, estamos preocupados em executar uma missão bem-sucedida", declarou Ferguson. A emoção deve tomar conta da equipe apenas quando a nave estiver de volta do espaço, "quando o último astronauta que fez parte da missão sair da nave e ela ocupar o seu lugar na História".
Futuro incerto
A equipe é relativamente pequena, formada por quatro astronautas – entre eles uma mulher. A Nasa optou conscientemente por restringir a equipe a Ferguson, Doug Hurley, Sandra Magnus e Rex Waldheim. Se algo der errado, eles terão que voltar à Terra com a aeronave russa Soyuz. Os norte-americanos não têm qualquer programa que suceda os chamados shuttles, ou seja, esse tipo de voo espacial que faz viagens de ida e volta. Centenas de pessoas que trabalham nessa área serão dispensadas.
Na opinião de Stephen Gauvain, que treinou a equipe de Ferguson, o futuro é incerto. Ele diz que é uma vergonha que os norte-americanos fiquem por muitos anos sem fazer voos tripulados. Assim como muitos funcionários da Nasa, ele espera que seus conhecimentos continuem sendo aproveitados na agência. "Acho que é meu trabalho, e também dos outros empregados da Nasa, cuidar para que nós encontremos um outro caminho para que, o mais rápido possível, as nossas equipes voltem ao espaço", disse Gauvain.
Críticas
Outros são menos cautelosos ao comentar o fato de que, até meados de 2015, os Estados Unidos estão dispostos a pagar para que seus próprios astronautas sejam transportados em naves russas. Há pouco tempo, três astronautas veteranos escreveram no jornal USA Today sobre essa frustração: o papel de liderança dos Estados Unidos em viagens espaciais está ameaçado, disse Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, e dois de seus colegas do programa Apollo.
Não existe ainda uma missão clara, uma estratégia ou um foguete para viagens tripuladas. A conclusão de Armstrong: "Depois de meio século de progressos notáveis, não existe um plano à vista para se manter o papel de liderança dos Estados Unidos na área espacial".
Em 2010, presidente Obama cortou drasticamente o orçamento da Nasa e encerrou o planejado projeto Constellation, por meio do qual a agência voltaria a explorar a Lua, Marte e outros espaços desconhecidos.
Agora o lema é: a Nasa busca meio de avançar no espaço e também de transportar cargas pesadas. O transporte de astronautas à ISS ficará a cargo de empresas privadas. E elas já estão trabalhando no desenvolvimento de foguetes apropriados.
Otimismo da Nasa
Charles Bolden, chefe da Nasa, se mostra otimista. Ele disse que os Estados Unidos devem permanecer líderes no setor espacial pelos próximos 50 anos. O presidente teria pedido à agência para se concentrar no "todo". "Ele nos desafiou a conduzir missões que nos levem aonde jamais fomos: nós deveremos circundar Marte e, por fim, aterrissar no planeta."
Obama pediu que a agência planejasse uma missão a um asteróide. De fato, no momento a sonda espacial Daw se aproxima de um dos maiores astros do tipo no sistema solar, o asteróide Vesta. Segundo Bolden, a sonda deve alcançar a órbita do Vesta até meados de julho.
A plataforma de lançamento 39A, no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, que aguarda a contagem regressiva da Atlantis, será fechada. Stephen Bulloch, de 57 anos, é o responsável para que os preparativos na plataforma transcorram sem problemas. Ele também deverá cuidar para que o equipamento esteja pronto para o próximo lançamento.
A Nasa, diz Bulloch, já passou por tudo isso antes. Nos anos 1970, quando o programa Apollo foi encerrado, também foi preciso esperar até que os ônibus espaciais chegassem. E então foi preciso construir sobre o que já estava disponível.
Engenharia alemã
"Muito do que se vê aqui na plataforma de lançamento vem do programa Apollo", diz Bulloch. Wernher Von Braun e outros engenheiros alemães desenvolveram o conceito naquela época: como levar uma nave muito pesada à Lua – e como trazê-la de volta. "O conceito Shuttle foi criado a partir disso", diz Bulloch.
Ele está certo de que, não importa o que vier depois do programa Shuttle, o conhecimento alemão na área espacial continuará sendo empregado. No entanto, a substituição dessas aeronaves não é tão simples: elas não transportam apenas cargas para a ISS, mas também podem trazê-las de volta à Terra.
No futuro, isso deverá ser feito por outro foguete, e a tripulação voará separadamente da carga, o que, segundo Bulloch, é mais seguro e mais barato. Em poucos anos, deverá ser assim. E a Estação Espacial Internacional, que deveria ser desmontada em 2015, vai continuar na ativa até 2020, como foi decidido recentemente.
Fonte: DW-World - Autora: Christina Bermann, Washington (np) - Revisão: Alexandre Schossler
Esta será a última vez que a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) vai receber uma nave norte-americana. Se o tempo permitir, nesta sexta-feira (08/07) a Atlantis decola da base da Flórida e, dias depois, acopla-se à estação para, mais uma vez, levar peças e refeições. A missão deve durar 12 dias. Quando voltar à Terra, a aeronave, assim como a Endeavour e a Discovery, será transferida para um museu.
STS-135 é o nome oficial da missão, dado pela Nasa, a agência especial norte-americana. Chris Ferguson, o comandante da tripulação, levou meses se preparando para a viagem. Isso inclui o treinamento das manobras para acoplar a nave, realizado na sede da agência, em Houston. Ferguson e os outros três membros da missão são astronautas experientes.
Para o chefe da tripulação, este é o terceiro voo espacial. "Em primeiro lugar, estamos preocupados em executar uma missão bem-sucedida", declarou Ferguson. A emoção deve tomar conta da equipe apenas quando a nave estiver de volta do espaço, "quando o último astronauta que fez parte da missão sair da nave e ela ocupar o seu lugar na História".
Futuro incerto
A equipe é relativamente pequena, formada por quatro astronautas – entre eles uma mulher. A Nasa optou conscientemente por restringir a equipe a Ferguson, Doug Hurley, Sandra Magnus e Rex Waldheim. Se algo der errado, eles terão que voltar à Terra com a aeronave russa Soyuz. Os norte-americanos não têm qualquer programa que suceda os chamados shuttles, ou seja, esse tipo de voo espacial que faz viagens de ida e volta. Centenas de pessoas que trabalham nessa área serão dispensadas.
Na opinião de Stephen Gauvain, que treinou a equipe de Ferguson, o futuro é incerto. Ele diz que é uma vergonha que os norte-americanos fiquem por muitos anos sem fazer voos tripulados. Assim como muitos funcionários da Nasa, ele espera que seus conhecimentos continuem sendo aproveitados na agência. "Acho que é meu trabalho, e também dos outros empregados da Nasa, cuidar para que nós encontremos um outro caminho para que, o mais rápido possível, as nossas equipes voltem ao espaço", disse Gauvain.
Críticas
Outros são menos cautelosos ao comentar o fato de que, até meados de 2015, os Estados Unidos estão dispostos a pagar para que seus próprios astronautas sejam transportados em naves russas. Há pouco tempo, três astronautas veteranos escreveram no jornal USA Today sobre essa frustração: o papel de liderança dos Estados Unidos em viagens espaciais está ameaçado, disse Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, e dois de seus colegas do programa Apollo.
Não existe ainda uma missão clara, uma estratégia ou um foguete para viagens tripuladas. A conclusão de Armstrong: "Depois de meio século de progressos notáveis, não existe um plano à vista para se manter o papel de liderança dos Estados Unidos na área espacial".
Em 2010, presidente Obama cortou drasticamente o orçamento da Nasa e encerrou o planejado projeto Constellation, por meio do qual a agência voltaria a explorar a Lua, Marte e outros espaços desconhecidos.
Agora o lema é: a Nasa busca meio de avançar no espaço e também de transportar cargas pesadas. O transporte de astronautas à ISS ficará a cargo de empresas privadas. E elas já estão trabalhando no desenvolvimento de foguetes apropriados.
Otimismo da Nasa
Charles Bolden, chefe da Nasa, se mostra otimista. Ele disse que os Estados Unidos devem permanecer líderes no setor espacial pelos próximos 50 anos. O presidente teria pedido à agência para se concentrar no "todo". "Ele nos desafiou a conduzir missões que nos levem aonde jamais fomos: nós deveremos circundar Marte e, por fim, aterrissar no planeta."
Obama pediu que a agência planejasse uma missão a um asteróide. De fato, no momento a sonda espacial Daw se aproxima de um dos maiores astros do tipo no sistema solar, o asteróide Vesta. Segundo Bolden, a sonda deve alcançar a órbita do Vesta até meados de julho.
A plataforma de lançamento 39A, no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, que aguarda a contagem regressiva da Atlantis, será fechada. Stephen Bulloch, de 57 anos, é o responsável para que os preparativos na plataforma transcorram sem problemas. Ele também deverá cuidar para que o equipamento esteja pronto para o próximo lançamento.
A Nasa, diz Bulloch, já passou por tudo isso antes. Nos anos 1970, quando o programa Apollo foi encerrado, também foi preciso esperar até que os ônibus espaciais chegassem. E então foi preciso construir sobre o que já estava disponível.
Engenharia alemã
"Muito do que se vê aqui na plataforma de lançamento vem do programa Apollo", diz Bulloch. Wernher Von Braun e outros engenheiros alemães desenvolveram o conceito naquela época: como levar uma nave muito pesada à Lua – e como trazê-la de volta. "O conceito Shuttle foi criado a partir disso", diz Bulloch.
Ele está certo de que, não importa o que vier depois do programa Shuttle, o conhecimento alemão na área espacial continuará sendo empregado. No entanto, a substituição dessas aeronaves não é tão simples: elas não transportam apenas cargas para a ISS, mas também podem trazê-las de volta à Terra.
No futuro, isso deverá ser feito por outro foguete, e a tripulação voará separadamente da carga, o que, segundo Bulloch, é mais seguro e mais barato. Em poucos anos, deverá ser assim. E a Estação Espacial Internacional, que deveria ser desmontada em 2015, vai continuar na ativa até 2020, como foi decidido recentemente.
Fonte: DW-World - Autora: Christina Bermann, Washington (np) - Revisão: Alexandre Schossler
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