A Força Armada Nacional Bolivariana exibiu nesta terça-feira seu poderia militar no desfile pelo Bicentenário da Independência da Venezuela com material bélico adquirido principalmente da Rússia e da China. O apoio de Moscou foi reconhecido publicamente pelo presidente Hugo Chávez, que voltou à Venezuela na segunda-feira após quase um mês de ausência.
"Graças à Rússia, seu governo e seu apoio, hoje sim temos uma Força Armada verdadeiramente armada! Que moral! Que mística! Felicitações!, afirmou no microblog Twitter enquanto acompanhava o desfile.
Ele também agradeceu o apoio do governo chinês: "Agradeço a República Popular da China pelo seu apoio para ter nossa Força Armada bem equipada e treinada", afirmou.
Carros blindados PTR-80, lança-foguetes, foquetes múltiplos GRAD de 122 milímetros, tanques T-72, helicópteros MI-17B-5, MI-35 e MI-26 de fabricação russa e os aviões K-8 e Sukhoi 30-MK2 foram exibidos no principal ato pela comemoração do Bicentenário, segundo a EFE.
O desfile cívico militar foi aberto com soldados da maioria dos países latino-americanos e do Caribe e também de delegações da China, Rússia e Bielo-Rússia. Depois, desfilaram soldados do Exército, Marinha, Força Aérea, Guardia Nacional Bolivariana e Reserva Militar de Venezuela, segundo o jornal El Universal.
Acompanhado de vários chefes militares, Chávez, que se recupera de uma operação para a retirada de um câncer, deu ordem para o início do evento à distância, desde o palácio presidencial de Miraflores, em Caracas.
No dia seguinte a seu retorno de Cuba, onde se submeteu à cirurgia, o líder do socialismo de Estado latino-americano saudou a nova independência da Venezuela, que, segundo ele, avançou sob o seu mandato desde sua primeira eleição, em 1998. De acordo com Chávez, essa nova independência seria em relação aos interesses multinacionais, das potências estrangeiras, da burguesia venezuelana.
"Viva a pátria, viva a independência, viveremos e venceremos, retorno para sempre", disse Chávez antes do início da parada militar que ocorreu pelo Paseo de los Próceres de Caracas, com a presença de ministros das Relações Exteriores de vários países da América Latina e dos presidentes uruguaio, José Mujica; paraguaio, Fernando Lugo, e boliviano, Evo Morales.
Chávez, de 56 anos, cumprimentou os presidentes presentes, assim como os primeiros-ministros de nações do Caribe e chanceleres do continente que assistiram às celebrações do Bicentenário.
Venezuela inicia nesta terça-feira "um novo lance na grande escalada em direção à cúpula da pátria socialista e humanista plena", o que exigiria "mil batalhas" para derrotar "em paz" os que "pretendem debilitá-la", disse via satélite no palácio presidencial, em transmissão em cadeia nacional de rádio e televisão. A multidão na rua pôde acompanhar o breve discurso de Chávez de uma tela gigante.
"Não tínhamos melhor maneira" de comemorar o Bicentenário "do que precisamente celebrando como independentes, como somos hoje, nunca mais seremos colônia de império algum", disse usando a faixa presidencial e escoltado pelos oito principais chefes militares do país.
"Após ter pedido" a independência "que tanto nos custou, nestes últimos dez anos a pátria de Bolívar, nós, soldados e seu povo, recuperamos a independência", afirmou. Chávez havia anunciado na segunda-feira que não estaria pessoalmente nas celebrações oficiais do Bicentenário por causa de seu estado de saúde.
O presidente venezuelano retornou na segunda-feira de Cuba após quase um mês de ausência, a maior parte do tempo em Havana, onde foi operado em duas ocasiões, uma delas para extrair em 20 de junho um tumor na "zona pélvica". Mas nada se sabe sobre a gravidade da doença e a natureza de seu tratamento.
"Com os senhores estou em corpo, nervos, alma e espírito, e de novo repito, obrigado meu Deus, obrigado pela minha vida, obrigado meu povo por ter permitido, apesar das grandes dificuldades estar aqui pleno com os senhores como estou nesta terça-feira", declarou o presidente. Ele convidou os cidadãos a festejar juntos em 2021 o bicentenário da batalha de Carabobo, que marcou definitivamente a derrota das tropas espanholas e a independência efetiva da Venezuela, dez anos após sua proclamação.
O presidente é candidato à própria sucessão na eleição presidencial de 2012, e jamais escondeu que quer governar até 2021. "Caminhamos para, em 24 de junho de 2021, comemorar os 200 anos da consolidação da independência nacional. Para lá vamos, com a ajuda de Deus. Este não é só o retorno de Chávez, mas da independência plena", disse.
Fonte: IG
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