O projeto será feito em parceria com a França, no valor de R$ 6,7 bilhões. A entrega do SN-BR está prevista para 2023. O submarino colocará o Brasil em novo patamar bélico. Mas iniciativa é questionada por especialista.

Para proteger as jazidas de petróleo da região do pré-sal e garantir a segurança do tráfego comercial marítimo em águas brasileiras, a presidente Dilma Rousseff (PT) deu início, no dia 16 de julho, à construção dos primeiros submarinos nacionais.

A demanda por parte da Marinha é antiga, mas só agora o projeto sairá do papel. A iniciativa faz parte do acordo estratégico firmado entre Brasil e França em 2008, que originou o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha do Brasil.

No valor de R$ 6,7 bilhões, o programa prevê a construção de quatro submarinos convencionais (S-BR), com propulsão diesel-elétrico, da classe Scorpène, e do primeiro submarino brasileiro com propulsão nuclear, o SN-BR, estrela do Prosub. Ambos com tecnologia francesa.

A previsão é que o primeiro dos quatro S-BR esteja operando em 2017, e que o SN-BR fique pronto em 2023.

No programa semanal “Café com a presidenta”, de 18 de julho, Dilma afirmou que uma das vantagens de o Brasil fabricar essas embarcações é ingressar no “pequeno grupo de países que tem conhecimento e tecnologia para construir submarinos”. Hoje, apenas China, Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia dominam a tecnologia.

A presidente disse também que a produção dessas embarcações é “fator estratégico, tanto para a defesa do país quanto para o crescimento econômico”.

Dilma destacou a intenção pacífica do projeto. “Ter o submarino é garantia de soberania. (...) Porque a principal via de circulação do nosso comércio exterior é o mar. E não podemos nos esquecer do pré-sal”, disse a presidente, para quem essas reservas precisam “ser protegida como um tesouro”, e “esses submarinos vão nos ajudar a cuidar dessa riqueza”.

“Ok, seremos o quinto país do mundo a ter um submarino nuclear, mas e daí?”, questiona o pesquisador Hector Saint Pierre, professor de História e de Relações Internacionais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e responsável pelo Observatorio Suramericano de Defensa y Fuerzas Armadas.

Para o professor a decisão de construir um submarino nuclear tem mais efeito político que prático.

“Não me parece adequado fazer um investimento desse porte em pesquisa e desenvolvimento para atingir um grau de tecnologia de 50 anos atrás (o primeiro submarino nuclear a entrar em operação foi o norte-americano USS Nautilus, em 1954). Deveríamos, com o mesmo dinheiro, investir em pesquisa para atingir tecnologias superiores, como, por exemplo, o uso de hidrogênio para geração energia”, diz Saint Pierre.

“Acho que estamos desperdiçando a capacidade instalada das nossas universidades. Precisamos direcionar uma pesquisa cientifica para novas fontes de energia”. O Governo afirma que a finalidade dos submarinos é pacífica mas, para Saint Pierre, “não existe um submarino de defesa”.

Fonte: O Povo