Entre os cerca de 300 militares brasileiros que embarcaram na fragata União na última quinta-feira rumo à missão de paz da ONU no Líbano, está um destacamento de elite da Marinha que lembra o Seal - a unidade dos EUA que ficou famosa ao matar Osama bin Laden em maio.
A tropa de elite da Marinha brasileira é chamada de Mec (mergulhadores de combate). Eles pertencem a um grupamento (Grumec) subordinado à Força de Submarinos, sediada no Rio de Janeiro.
Assim como seus equivalentes americanos, entre as especialidades dos Mec estão missões de coleta de dados de inteligência, infiltração de agentes, captura de inimigos, resgate de prisioneiros, sabotagem de navios e dinamitação de obstáculos submersos.
Até o clima de segredo que envolve o grupo que matou Bin Laden também é realidade no Grumec. As identidades de seus membros ficam em sigilo, assim como seu efetivo exato -estimado em menos de 300 homens.
Para se tornar um Mec é necessário passar por um treinamento difícil, que reprova cerca de 60% dos candidatos.
O militar precisa ser capaz, por exemplo, de correr mais de 3 km em 12 minutos (a maioria das pessoas não passa de 2,4 km) e nadar por 10 km no mar levando o equipamento completo de combate.
Os militares que passam no curso têm idades entre 30 e 35 anos e ganham um acréscimo de 20% no soldo (que varia segundo a patente), como um adicional de risco.
Os Mec começaram a ser treinados em 1964, inicialmente por instrutores americanos do Seal.
Não são o único grupo de operações especiais do Brasil -que tem unidades semelhantes no Exército (Brigada de Operações Especiais) e na Aeronáutica (Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento).
Todos usam armas especiais, são peritos em tiro e atividades como rapel, paraquedismo e uso de explosivos.
Os Mec, porém, são os únicos com especialização em operações marítimas -como recuperar navios e plataformas de petróleo das mãos do inimigo- fato que fez o grupo entrar em expansão após as descobertas do pré-sal.
LÍBANO
Um destacamento de nove homens do Grumec está a bordo da fragata União, que chega em novembro no Oriente Médio para ajudar a ONU a impedir o contrabando de armas para o sul do Líbano.
Normalmente, ao achar um navio suspeito, a frota da ONU -comandada pelo contra-almirante brasileiro Luiz Henrique Caroli- aciona a Marinha do Líbano para escoltar a embarcação até o porto, onde é revistada.
Mas a tripulação do navio suspeito pode não colaborar e os libaneses podem ser incapazes de resolver o caso.
"O destacamento de abordagem [Mec] vai atuar quando a embarcação que tiver que ser fiscalizada apresentar algum nível de ameaça", disse o capitão de mar e guerra Carlos Arentz, comandante do Grumec.
Nesse caso, os Mec partem da fragata em um helicóptero ou lancha rápida e invadem o navio suspeito. A tripulação é dominada e os motores do navio, desligados.
Em seguida, uma equipe de fiscalização vai a bordo para procurar armas e até levar a embarcação a um porto.
A participação do Brasil na missão da ONU no Líbano é uma das maiores apostas do governo para expandir sua influência no Oriente Médio.
Fonte: Folha
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