A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) anunciou ontem o cancelamento da compra de 20 aviões Super Tucano A-29, da Embraer, conforme contrato de US$355 milhões acordado no fim do ano passado, mas ainda não assinado.

AUSAF justificou a decisão por problemas de documentação. No entanto, a escolha da aeronave em processo licitatório gerou críticas da oposição republicana e de políticos do estado do Kansas, sede da Hawker Beechcraft, empresa que participou da concorrência com o modelo AT-6 (à direita).

No início deste ano a fabricante local recorreu à Corte Federal de Apelação e enviou uma carta ao congresso questionando a escolha da aeronave brasileira para apoio aéreo leve no Afeganistão, descrita como desprestígio à indústria local. A empresa também colocou em xeque a lisura da licitação. Uma investigação pode ser aberta para verificar se houve irregularidades.

As 20 aeronaves seriam fabricadas parte no Brasil e parte pela Sierra Nevada Corporation (SNC), no estado da Flórida. Com a desistência da Força Aérea dos Estados Unidos as contestações no legislativo e no judiciário perdem o efeito, mas representam uma vitória da fabricante local apoiada pela oposição.

Em nota divulgada ontem, a Hawker Beechcraft afirma que "não se trata apenas da venda de 20 aeronaves ou de um contrato de US$ 1 bilhão, mas da capacidade da Força Aérea de construir relações com nações parceiras ao redor do mundo para a próxima geração".

A SNC afirmou estar "desapontada" com a decisão, pois, acredita, ofereceu à USAF com o A-29 (foto ao lado) uma solução de bom custo que seria fabricada localmente. "Nós sabemos que nossa proposta atendeu plenamente os requisitos da concorrência e do processo de licitação da Força Aérea dos Estados Unidos", afirma o comunicado.

Em nota divulgada ontem, o presidente da Embraer Defesa e Segurança (EDS), Luiz Aguiar, diz que a fabricante brasileira aguardará "mais esclarecimentos sobre o assunto para, junto com sua parceira Sierra Nevada Corporation, decidir os próximos passos".

Os republicanos são maioria no Congresso dos Estados Unidos. O país também está em período pré-eleitoral para a corrida pela Casa Branca, com o presidente Barack Obama em dificuldades com baixos índices de popularidade.

Fonte: C&R Editorial/Revista Asas