Rússia está aumentando suas compras de armamentos modernos. Entre os grandes contratos nos últimos meses foi assinado um acordo de fornecimento de 24 caças embarcados MiG-29K/KUB. Futuras aquisições destas máquinas dependem do desenvolvimento do programa da construção naval.

O relatório sobre o comércio mundial de armas publicado pelo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) confirma o estatuto da Rússia como um dos principais fornecedores de armamentos. Ao mesmo tempo, a Rússia está expandindo sua presença nos mercados mais ativos – na América Latina e na região Ásia-Pacífico.

Até recentemente, porém, as exportações de armas cumpriam só a tarefa de manter a indústria de defesa nacional e muitas vezes encomendas de exportação eram efetuadas em detrimento de encomendas para as Forças Armadas da Rússia. Agora, a quota de fornecimento para suas próprias forças armadas está crescendo.

O contrato para fornecimento de 24 caças embarcados MiG-29K/KUB foi a primeira compra de MiGs pelo Ministério da Defesa russo nas últimas duas décadas. 20 MiG-29K de um lugar e quatro MiG-29UB deverão ser entregues à Marinha russa entre 2013 e 2015. Eles vão substituir o Su-33 no até agora único na Rússia 279o (ducentésimo septuagésimo nono) Regimento de Aviação Naval, cujos aviões se baseiam no cruzador porta-aviões pesado Admiral Kuznetsov.

Se tudo correr como previsto, esses aviões não realizarão seus primeiros voos a partir do convés antes de 2017. Nesse ano deverá terminar a renovação completa do único porta-aviões russo que é suposta começar já este ano. O Admiral Kuznetsov deve receber novos motores, novos sistemas de defesa aérea, armas radioeletrônicas. Sua reparação e modernização ajudará a estender a vida de Admiral Kuznetsov até 45-50 anos, ou seja até meados da década de 2030.

A escolha de MiGs deixou confusos muitos analistas: tendo perdido a competição com as máquinas embarcadas de Sukhoi ainda no final da década de 1980 – início da de 1990, os MiGs estão de volta: motores modernizados, uma aviônica totalmente atualizada, maior capacidade de combustível e possibilidade de reabastecimento no ar fazem desse caça tático ligeiro uma máquina multi-usos com capacidades de combate impressionantes.

É evidente que um caça embarcado de Sukhoi modernizado à base do Su-35, por exemplo, seria ainda mais eficaz, mas a criação de um novo caça pesado na plataforma T-10 já não tem sentido: isso demoraria vários anos durante os quais terminarão os testes da plataforma T-50 com base na qual irá ser criada uma variedade de máquinas para os próximos 30-50 anos.

Segundo informações de fontes confiáveis, esse não é o último contrato de aquisição de MiG-29K para a Marinha russa. Após sua atualização, o Admiral Kuznetsov será capaz de transportar e servir mais de quarenta máquinas desse tipo. No entanto, o próprio fato da compra de MiGs em conjunto com os reparos do Admiral Kuznetsov mostra que a aviação naval Russa tem perspetivas muito maiores.

O fato de que a frota está preparada para gastar dezenas de bilhões de rublos na modernização do Admiral Kuznetsov e na compra de caças novos, mostra que esse sistema de armamento é visto como promissor, e a construção de porta-aviões para a Marinha russa faz parte das intenções estratégicas dos militares.

Já que a aviação naval é considerada como um ramo promissor da Marinha, é necessário pensar agora no que irá substituir os MiGs - especialmente num porta-aviões futuro. Nesse aspecto quase não existem opções além do já mencionado refinamento do T-50: em sua eficácia um caça pesado de nova geração deixará muito para trás tanto o MiG-29 como o Su-27.

Se esta opção se tornar realidade, e ela não tem alternativas, então já hoje se pode dizer que para caças pesados será necessário um porta-aviões pesados com um deslocamento de pelo menos 70,000 toneladas. Em tempos, esse foi o destino do Ulyanovsk que acabou morrendo sobre os estoques do Estaleiro do Mar Negro com o colapso da União Soviética. Queremos acreditar que o destino de seu sucessor será mais feliz.

Fonte: A Voz da Russia