A Receita Federal e a Polícia Federal (PF) deflagraram nesta
quarta-feira a Operação Pouso Forçado para desmontar um esquema
milionário de importação irregular de jatos de luxo. Importadores
brasileiros declaravam os jatos como propriedade de empresas
estrangeiras para se beneficiar de acordos internacionais.
A Justiça Federal emitiu mandados de busca e apreensão para reter 12
aeronaves, além de documentos, computadores e componentes de
armazenamento eletrônicos de dados em hangares e empresas do meio
aeronáutico no estado de São Paulo. Até as 10h, sete aeronaves já haviam
sido apreendidas. O valor total estimado das aeronaves ultrapassa os R$
560 milhões. Apenas um dos jatos tem valor avaliado em cerca de R$ 100
milhões. O mais barato não custa menos de R$ 2 milhões.
O trabalho começou há mais de um ano na Receita Federal, quando
servidores descobriram que jatos executivos utilizados por pessoas e
empresas brasileiras eram declarados como se pertencessem a empresas
estrangeiras – isso porque aeronaves estrangeiras de empresas a serviço
ou de cidadãos estrangeiros em viagens de turismo podem passar até 60
dias no País sem pagar impostos.
Entenda como funcionava o esquema:
Os brasileiros criavam uma empresa de fachada no exterior e remetiam
dinheiro para ela. Essa empresa celebrava um contrato com um banco
americano para que ele registrasse o avião nos Estados Unidos. Pelo
contrato, a aeronave era matriculada nos Estados Unidos como se fosse do
banco. O avião voava para o Brasil e era declarado às autoridades
brasileiras como se fosse de empresa estrangeira, não pagando os
impostos devidos. A cada 60 dias, a aeronave saía do Brasil, mas logo
retornava.
Com esse artifício, cerca de R$ 192 milhões em tributos deixaram de ser
recolhidos aos cofres públicos. Além de burlar a lei brasileira, os
infratores se livravam de uma restrição imposta pela lei americana:
aeronaves de matrícula americana pertencentes a empresas estrangeiras ou
controladas por estrangeiros devem operar ao menos 60% do tempo nos
Estados Unidos.
Com a situação simulada, esses grupos empresariais brasileiros e seus
administradores ingressavam com as aeronaves no Brasil, onde elas
passavam a maior parte do tempo, sendo utilizadas em seu próprio
benefício, ou alugadas a terceiros.
Fonte: Correio do Povo - Foto: Receita Federal SP/Divulgação/CP - Noticias Sobre Aviação
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