A Venezuela
está construindo aeronaves não tripuladas (os chamados drones) como
parte da cooperação militar com o Irã, China e Rússia, disse o
presidente venezuelano, Hugo Chávez, que atualmente se recupera de um tratamento de câncer.
O presidente citou também o progresso da construção da fábrica de
montagem de fuzis AK103, com o apoio da Rússia, que deve produzir 25
mil armas e até 70 milhões de balas ao ano. Os anúncios provavelmente
aumentarão a preocupação dos EUA sobre o papel do governo socialista na
região.
A Venezuela gastou bilhões de dólares por armas e aeronaves
russas desde 2005, incluindo 24 jatos Sukhoi, dezenas de helicópteros de
ataque e 100 mil rifles de assalto Kalashnikov.
Referindo-se a uma reportagem na mídia espanhola de que
promotores dos EUA estão investigando a produção de aeronaves não
tripuladas na Venezuela, Chávez disse na quarta-feira: "É claro que
estamos fazendo isso, e temos direito. Somos um país livre e
independente."
Em um discurso televisionado para oficiais militares no Ministério da
Defesa da Venezuela, Chávez afirmou que a aeronave só tem uma câmera e é
exclusivamente para fins defensivos. "Não temos quaisquer planos de
atacar ninguém. Esses projetos são para defesa, para paz", disse.
"Estamos fazendo isso com a ajuda de diferentes países, incluindo
China, Rússia, Irã e outras nações aliadas", acrescentou, aparentemente
referindo-se à fabricação da aeronave e a outros projetos, incluindo a
fábrica de munições e armas.
Durante a longa transmissão, Chávez falou por link de satélite com o
general Julio Morales, presidente da Companhia Anônima Venezuelana de
Indústrias Militares (Cavim). O oficial estava ao lado de um jato
teleguiado pequeno chamado Arpia-001.
Ele informou que o avião tem 4 metros por 2,5 metros, pode voar a até
10 mil pés (3 mil metros) e por até 90 minutos. Segundo Morales, é "um
sistema de aviões não tripulados exclusivamente para defesa" com "função
de reconhecimento", que pode ser utilizado para "trabalho de vigilância
de tubulações, florestas, estradas, diques e qualquer outra estrutura".
Segundo ele, a Venezuela produziu três desses jatos. "Eles são feitos
neste país com os engenheiros militares que foram fazer um curso na
nossa irmã República do Irã", disse o oficial. De acordo com o general, o
drone pode transmitir em tempo real e simultaneamente fotos e vídeos de
observação, incluindo "imagens noturnas" em um futuro próximo.
Chávez, cuja estridente política anti-Washington é altamente popular
em seu país, ampliou os laços com o Irã em meio à crescente pressão por
parte dos EUA e aliados contra o programa nuclear iraniano. O Irã nega
as acusações ocidentais de que tenta construir armas nucleares.
A ABC da Espanha informou nesta semana que promotores americanos em
Nova York investigavam a construção de aviões teleguiados da Venezuela e
a compra dessas aeronaves do Irã, citando fontes familiarizadas com a
investigação.
Defesa interna
Em março, o blog militar DOTMIL do U.S. News and World Report citou o
general Douglas Fraser, chefe do Comando Sul dos EUA, dizendo que o Irã
planeja construir aviões teleguiados de "capacidade bastante limitada"
na Venezuela para o Exército venezuelano, que eram semelhantes à classe
ScanEagle de aviões teleguiados americanos.
"Não se encaixa na classe Predator", disse Fraser em Washington,
segundo o DOTMIL, referindo-se à categoria de teleguiados maiores que
podem ser armados com mísseis ar-terra Hellfire. Ele disse que os aviões
provavelmente eram para "defesa interna".
Em dezembro, o Irã disse que abateu um avião teleguiado militar dos EUA que violou seu espaço aéreo e exigiu um pedido de desculpas
de Washington. Autoridades iranianas disseram mais tarde que estavam
perto de quebrar a tecnologia de aeronaves da Lockheed Martin Corp.
Chávez disse que a Venezuela receberia em breve a visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que foi a Caracas, em janeiro, bem como do presidente bielo-russo, Alexander Lukashenko.
Fonte: IG
0 Comentários