O primeiro avião português não tripulado e totalmente autónomo foi
lançado na segunda-feira na maior feira de aviação europeia, no Reino
Unido, e o fabricante diz à Lusa querer «competir com gigantes» como os
Estados Unidos ou Israel.
«Não há ninguém a controlar o avião, é tudo programado na estação de
solo previamente e totalmente automático desde que o avião descola até
aterrar, até o senhor poderia ser o responsável por uma operação
destas», afirmou Ricardo Mendes, um dos responsáveis pela construção do
AR4 'Light Ray', um 'drone' (veículo aéreo não tripulado) fabricado pela
empresa portuguesa Tekever.
As missões de vigilância e a recolha de informação ('intelligence') nas
áreas de segurança e defesa são as principais funções deste aparelho de
apenas dois metros de comprimento e desmontável, que fez «o primeiro voo
autónomo» de sempre da feira de Farnborough e foi desenvolvido ao longo
dos últimos dois anos, em colaboração com o Exército Português.
Ricardo Mendes, presidente da Tekever, disse que as principais apostas
para «ganhar competitividade» num mercado «muito agressivo», e
principalmente dominado pelos Estados Unidos da América e Israel, foram
na «inteligência do sistema, a capacidade de adaptação do aparelho a
diferentes tipos de missões» e «o custo final» ao longo do período de
vida do aparelho.
«Quisemos tentar fazer à semelhança da 'Apple' (...) a estratégia que
temos para esta área é de domínio total da tecnologia, ou seja, toda a
aeronave, incluindo o 'hardware' e 'software' dos sistemas, todas as
aplicações a bordo e a estação de solo que controla o avião, é feito de
raiz por nós», salientou.
O presidente da Tekevere referiu que um sistema deste tipo - com duas a
três aeronaves, uma estação de solo e algumas ferramentas auxiliares -
custa «normalmente à volta de 500 mil euros», dependendo do suporte de
comunicação (radar, câmara de infravermelhos ou câmara óptica) que
utilizar.
Sobre potenciais clientes, Ricardo Mendes disse não poder «adiantar
muito», porque este é um mercado que «exige muito sigilo», mas que já há
contactos com várias forças armadas e de segurança internacionais e que
o objectivo é competir com os maiores fabricantes mundiais.
«Quando olhámos para este mercado decidimos apostar em áreas em que
achámos que podíamos ser muito bons, ao nível do melhor do mundo (...)
Estamos a ter as primeiras reacções e vemos que estávamos certos, ou
seja, estas são as 'dores' dos clientes actuais, de quem já opera este
tipo de sistemas e precisa de algo melhor, sinto que conseguimos
competir com os gigantes», afirmou.
Mendes, que adiantou ter outros modelos de 'drones' em construção,
reconheceu que o mercado principal da Tekever «é o mercado externo», mas
que «Portugal, dada a sua posição geográfica e as responsabilidades a
nível internacional, tem necessidades deste tipo de equipamento».
«Queremos também que em Portugal se utilize tecnologia portuguesa, que
as nossas forças armadas usem produtos que foram desenvolvidos em
Portugal, temos uma parceria forte com o Exército, mas quando as forças
armadas avançarem para processos de aquisição queremos estar na linha da
frente», frisou.
Fonte: Lusa/SOL - Via Noticias Sobre Aviação
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