Vários bairros da cidade de Aleppo, norte da Síria, foram intensamente metralhados por helicópteros das forças oficiais nesta sexta-feira (27), em uma antecipação de uma batalha que está sendo considerada crucial para o conflito entre as tropas governamentais e grupos rebeldes.

"Revolta das duas capitais (Damasco e Aleppo), a guerra de libertação continua": este é o lema das manifestações programadas para esta sexta-feira em todo o país, convocadas por opositores ao regime que seguem mobilizados apesar da violência que provocou mais de 19 mil mortes desde o início da crise, em março de 2011, segundo uma ONG síria.

Vários bairros da cidade de Aleppo, norte da Síria, foram intensamente metralhados por helicópteros das forças oficiais nesta sexta-feira (27), em uma antecipação de uma batalha que está sendo considerada crucial para o conflito entre as tropas governamentais e grupos rebeldes.

Os helicópteros concentraram os ataques nos bairros de Salahedin, Azamiyeh, Bustan el-Kasr, Mashad e Sukari, segundo fontes da oposição.
Além disso, também foram registrados combates entre rebeldes e soldados nos bairros de Khamiliyeh, Mahatat Bagdad e nas proximidades da praça Saadala al-Khabiri.
Em Salahedin, centenas de rebeldes se preparam para enfrentar uma iminente ofensiva final do Exército contra Aleppo, em uma operação que um jornal ligado ao regime de Bashar al Assad, o "Al Watan", definiu como "a mãe de todas as batalhas", por sua capacidade para determinar o destino do conflito sírio.
Barricadas com sacos de areia, um ônibus atravessado na rua e centros de cuidados médicos de urgência foram instalados em escolas e mesquitas.
Vários helicópteros sobrevoavam as casas e metralhavam os imóveis, com moradores em fuga desesperada.
Na quinta-feira, a repressão e os combates deixaram 164 mortos, incluindo 84 civis, 43 soldados e 37 rebeldes.
"As forças especiais avançaram na zona leste da cidade e outras tropas chegaram para uma ofensiva generalizada, sexta-feira ou sábado, em Aleppo", afirmou uma fonte dos serviços de segurança.
À espera do ataque, os rebeldes, armados com fuzis, metralhadoras, lança-foguetes e bombas de fabricação caseira, executavam incursões contra os postos policiais e dos serviços secretos.
A esperança reside na solidariedade de combatentes que chegariam para reforçar as defesas de Salahedin ou que retardariam o avanço do Exército com atos de sabotagem e armadilhas.
Ao mesmo tempo, entre 1.500 e 2.000 rebeldes chegaram à região para apoiar o movimento na cidade. Os insurgentes controlam os bairros periféricos ao sul e leste da cidade, assim como as estradas que levam ao aeroporto.
O porta-voz do Exército Sírio Livre (ESL, formado por desertores) em Aleppo, Abdel Khabar al-Okaidi, afirmou que 100 tanques do Exército e outros veículos militares chegaram à cidade.
"Se fracassa na missão de retomar o controle total de Aleppo, o regime está terminado e os adversários sabem", afirmou Rami Abdel Rahman, presidente da ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Diante de uma base dos rebeldes em Aleppo foi observado um caminhão com caixas com a frase, em árabe, "máscaras de gás".
Na segunda-feira, Damasco admitiu pela primeira vez possuir armas químicas, mas afirmando que estas não seriam utilizadas contra a população civil. No entanto, o regime ameaçou utilizar as armas no caso de intervenção militar estrangeira.

A Unesco solicitou aos beligerantes proteção para a herança cultural de Aleppo.
Uma deputada da cidade de Aleppo, Ijlas Badaui, se refugiou com os seis filhos na Turquia, informou o Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão da oposição.
Respeito a civis
A chefe da área de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, apelou nesta sexta às forças governamentais e aos rebeldes sírios para que poupem os civis em Aleppo. Ela manifestou forte preocupação com a "probabilidade de um grande confronto iminente" na cidade.
Pillay disse que "um padrão visível" surgiu à medida que as forças do presidente Bashar al-Assad começaram a limpar áreas de Aleppo.

Fonte: G1