Mais de dois terços das famílias no Brasil já fecharam acordo com seguradora.
Três anos após o acidente com o avião da Air France que fazia o trajeto
Rio de Janeiro-Paris, as indenizações dos parentes das vítimas do voo
AF447 estão mais avançadas no Brasil, onde a maioria dos familiares
optou por acordos com a seguradora, a Axa Corporate Solutions, do que no
resto do mundo, segundo informações obtidas pela BBC Brasil.
De acordo com a Axa, mais de dois terços das famílias brasileiras já
receberam indenizações por meio de soluções amistosas.
Na França, até o momento, apenas 20% das famílias receberam indenizações
por danos morais e materiais decorrentes do falecimento de parente,
informa a seguradora.
O voo AF447 da Air France, que caiu no Atlântico em 2009 após decolar do
Rio de Janeiro, tinha a bordo 228 pessoas de 32 nacionalidades, a
maioria franceses e brasileiros.
No voo, estavam 72 franceses (incluindo 11 membros da tripulação) e 59
brasileiros, sendo um deles comissário de bordo.
Segundo a Axa, globalmente, quase a metade dos familiares das vítimas do
voo já foi indenizada após realizar acordo com a seguradora. Cerca de
um terço dos familiares entraram na Justiça.
A Axa afirma que as negociações para chegar a uma solução amistosa
continuam em relação a 'uma grande parte' desses casos judiciais.
O advogado João Tancredo, com escritório no Rio de Janeiro, que
representou 15 famílias que entraram com ações contra a Air France,
conta que já obteve o pagamento das indenizações por meio de acordo com a
seguradora em 12 desses casos. Os demais foram fixados pela Justiça.
Ele explica que o primeiro passo é o processo judicial e que, a partir
disso, se tenta o acordo com a seguradora, antes de um eventual recurso
na Justiça.
Valores maiores no Brasil
Segundo Tancredo, os valores pagos no Brasil estariam acima dos que vêm
sendo concedidos, também por meio de acordos, em outros países da Europa
e nos Estados Unidos.
Ele diz ter obtido US$ 30 milhões nos 15 casos que representou - mais de
um quarto dos pedidos de indenização no Brasil - , o que dá uma média
de US$ 2 milhões por família (trata-se de uma média, já que os valores
variam segundo a renda da vítima e número de parentes com direito à
indenização).
'Nos Estados Unidos, a média tem sido de US$ 1 milhão por família e, na
Europa, segundo informações que obtive, os valores poderiam ser ainda
menores', diz ele.
A Axa não informou os montantes das indenizações, afirmando se tratar de
um assunto sigiloso.
O advogado afirma ter obtido acordos que preveem o pagamento de 800
salários mínimos por danos morais a cada um dos filhos, cônjuge e pais
de uma vítima e indenizações também por danos morais de 300 salários
mínimos para outros parentes, como irmãos, netos e sobrinhos.
De acordo com esses cálculos, uma família, por exemplo, com esposa, três
filhos e pais da vítima recebe no Brasil, no total, 4,8 mil salários
mínimos (quase R$ 3 milhões) por danos morais, diz Tancredo.
Já os prejuízos materiais são calculados em função da renda e da
esperança de vida da pessoa, se tinha dependentes e outros critérios
econômicos.
Tancredo explica que o parâmetro para os valores fixados nos acordos no Brasil surgiu após uma decisão da Justiça do Rio de Janeiro, em 2010, que concedeu mil salários mínimos por danos morais aos pais de uma vítima e 300 salários mínimos ao irmão, além de uma pensão por danos materiais.
Tancredo explica que o parâmetro para os valores fixados nos acordos no Brasil surgiu após uma decisão da Justiça do Rio de Janeiro, em 2010, que concedeu mil salários mínimos por danos morais aos pais de uma vítima e 300 salários mínimos ao irmão, além de uma pensão por danos materiais.
A Air France entrou com recurso, mas o caso não foi julgado porque houve
acordo com a Axa, o que acabou servindo como referência para as
negociações posteriores.
Os montantes obtidos em acordos por famílias que entraram na Justiça são
superiores aos fixados por comissões de soluções amistosas, que foram
criadas em vários países.
No Brasil, essa comissão, integrada pelo ministério da Justiça, fixou
500 salários mínimos por danos morais, que deveriam ser divididos pelo
total de parentes, diz Tancredo.
Investigações judiciais
Na França, muitos parentes estariam aguardando os resultados das
investigações realizadas pela Justiça, que deverão ser divulgadas em 10
de julho, para entrar com ações.
A Air France a Airbus já foram indiciadas por homicídio culposo nesse
inquérito. Segundo a imprensa francesa, as investigações judiciais
deverão apontar falhas humanas, mas também problemas técnicos.
Nesse caso, a responsabilidade das empresas no acidente poderá
influenciar os montantes das indenizações em ações judiciais para obter
reparação dos danos.
Fonte: BBC via UOL Notícias - Via Noticias Sobre Aviação
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