Se há alguns anos poderia parecer quase irreal, em 2012 tornou-se absolutamente claro. As forças armadas da Russia estão a considerar a possibilidade de adquirir viaturas blindadas de combate de origem italiana

Desde há algumas semanas que estão em testes na Rússia dois exemplares do blindado Centauro da IVECO. Um deles armado com uma peça de 105mm e o outro, na versão de combate de infantaria (designado Freccia) e armado com um canhão de 30mm.
Uma terceira versão do Centauro, armada com uma peça principal de 120mm deverá também ser enviada para a Russia dentro de poucas semanas.

Não se sabe exatamente quais são os requisitos russos para a operação desta viatura nem quantos exemplares as autoridades militares russas poderiam adquirir.
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Entende-se pelos acordos firmados entre russos e italianos para a produção do Jipe da IVECO modelo LMV, que a Rússia pretende adquirir uma quantidade fixa de viaturas e depois absorver a tecnologia italiana que deverá servir de modelo para a produção local das viaturas blindadas.

E a produção russa ?

Como aconteceu com o modelo LMV, que também tinha os seus concorrentes russos, a escolha não parece fácil. A Russia lançou experimentalmente há poucos anos atrás uma versão de caça-tanques com base na viatura 2S25 «Sprut MD» produzida em Volgogrado, a antiga Estalinegrado.

No entanto a viatura é especialmente adequada para forças ligeiras, nomeadamente para-quedistas. O armamento principal dessa viatura, é uma peça de 125mm, especialmente adaptada para utilização numa viatura com um peso máximo na ordem das 18t, contra um peso máximo que atinge as 24t no caso do Centauro. Além disso o Sprut-MD é uma viatura que se desloca sobre lagartas, gasta mais combustível e tem uma autonomia menor (apenas 500km contra 800km da viatura italiana).

A Rússia desenvolveu deste a década de 1960, uma série de viaturas sobre rodas desde o BTR-60 até ao BTR-90. São viaturas que foram adquiridas pela Rússia e por grande número de forças militares em todo o mundo, mas as autoridades militares russas concluíram que não é possível adaptar uma torre de forma eficiente ao chassis do BTR-90, o que explica o interesse pela viatura italiana. Foram feitas tentativas nesse sentido, com a instalação de um canhão de 85mm numa viatura BTR-70 (modelo 2S14), mas os resultados não foram satisfatórios.

Cuba, também desenvolveu (alegadamente com o apoio de técnicos russos) uma derivação do BTR-60, armada com um canhão de 100mm. No entanto, existem dúvidas quanto à operacionalidade desta viatura em situações de combate. É normalmente aceite que se trataria de viaturas destinadas a esmagar uma eventual oposição interna armada.

Ao contrários dos derivados da família BTR, os Centauro italianos foram construidos de raiz para operar como caça-tanques. A partir do modelo caça-tanques foi posteriormente desenvolvida uma viatura blindada de transporte de infantaria/combate. Existe um equipamento similar, produzido na África do Sul, chamado Rooikat. Na década de 50 a França também desenvolveu uma família de caça-tanques sobre rodas, conhecida como Panhard-EBR.

Os problemas enfrentados pela industria russa são cíclicos e os militares já demonstraram em várias ocasiões que não estão contentes com a falta de capacidade demonstrada pela industria militar do país.

Esta predisposição para desafiar os fabricantes e gabinetes de desenvolvimento, já levou à compra de vários sistemas de armas estrangeiros, como os quatro navios logísticos comprados da França ou os jipes LMV da Iveco.
Existem rumores e especulações sobre o eventual interesse russo em outros sistemas blindados. Recentemente os carros de combate russos foram abertamente criticados pelos militares que acusaram a industria russa de ter sido ultrapassada pela chinesa.

A eventual aquisição de viaturas Centauro, mesmo que a Russia adquira uma licença de fabrico com importação de tecnologia ocidental, constituirá um golpe para a existente industria russa, que precisa de exportações para sobreviver.