O anunciado referendo sobre a
soberania das Malvinas, arquipélago sob domínio britânico mas reclamado
pela Argentina, como parte do seu território, “é uma farsa” e demonstra
a “hipocrisia” do governo local que o propôs e o executivo britânico
que o apoia.
A denúncia foi feita hoje, em Luanda, pelo embaixador argentino em Angola, Juan Augustin Caballero, em entrevista Angop a propósito do assunto.
A “hipocrisia” da proposta de referendo nas Ilhas, segundo Juan Caballero, reside no facto de que os actuais habitantes não serem uma população autóctone argentina “mas sim de origem britânica, cujo voto não terá um sentimento nacional”.
"A Argentina sempre reclamou o facto da sua população ter sido expulsa das ilhas, e de ter sido posta outra trazida (da Inglaterra)" lembrou o diplomata, sublinhando o facto da Grã-Bretanha “nunca ter aceitado que cidadãos argentinos habitassem as Malvinas”.
O outro factor que torna “hipócrita” a proposta do referendo, de acordo com Agustin Caballero, resulta da autonomia que o governo local tem sobre a gestão da exploração pesqueira, que está a permitir que os habitantes das Malvinas tenham um dos mais altos rendimento per capita do mundo.
O diplomata argentino considerou Londres de “agir com hipocrisia” ao apoiar o referendo, ao invés de privilegiar o diálogo como Buenos Aires “incessantemente vem pedindo ao longo dos anos”.
Para Juan Caballero, a Grã-Bretanha, ao não aceitar entabular diálogo, “como fez com a China em relação a independência Hong Kong, revela uma atitude de menosprezo por Argentina não ser tão importante como a China”.
O embaixador insistiu, contudo, que a solução da questão das ilhas Malvinas é negocial e dentro das Nações Unidas, porque, alertou, “a Argentina vai reclamar, eternamente, pela soberania das ilhas Malvinas”.
As Ilhas Malvinas (em inglês Falkland Islands) são um território sob domínio britânico no Atlântico Sul constituído por duas ilhas principais e um número elevado de outras menores, ao largo da costa da América do Sul.
A soberania sobre as ilhas é reclamada pela Argentina e, em 1982, argentinos e britânicos travaram a chamada “Guerra das Malvinas” pela posse do território.
No passado mês de Junho, o “governo autónomo” anunciou a organização de um referendo sobre o seu estatuto político em 2013, alegando que os habitantes não desejam ser governados pela Argentina.
Fonte: Angola Press
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