Brasil,
Rússia, Índia e China, os países que há uma década foram chamados de
"Brics" e sobre os quais foi dito que poderiam ocupar o espaço das
nações ricas até 2050, agora são chamados de "mercados submergentes"
pela revista The Economist, a mais respeitada na área de economia.
Essa
expressão foi usada no título de um gráfico (reproduzido abaixo) dentro
da edição que chega às bancas do Reino Unido nesta sexta-feira, 20. O
desenho mostra que as projeções que o FMI (Fundo Monetário
Internacional) faz para o crescimento econômico dos Brics em 2012 não
param de cair, com exceção da Rússia.
É claro que há um exagero
nessa expressão. Na verdade, as perspectivas de analistas são de uma
desaceleração na taxa de crescimento, mas com poucas chances de uma
virada brusca. A mediana das projeções dos bancos brasileiros são de um
crescimento de A própria Economist reconhece que, "para o padrão do
mundo rico, os mercados emergentes ainda estão muito bem".
O
problema é que, segundo a revista, os países ditos emergentes enfrentam
dois riscos: o de uma desaceleração cíclica e o de uma erosão de longo
prazo no crescimento potencial do PIB (produto interno bruto). "Com o
primeiro é relativamente fácil lidar. Com o segundo, não".
Para
enfrentar o primeiro risco, os governos têm as suas armas: baixar juros e
conceder estímulos fiscais. Ainda, vários pontos fracos que esses
países tinham no passado não existem mais: os bancos têm capital, o
câmbio é flutuante (tirando o da China), a inflação está controlada e as
reservas internacionais estão altas.
Já quando se pensa nos
problemas de longo prazo, na opinião da revista é preciso considerar que
em boa parte o crescimento recente dos mercados emergentes se deve a
"anabolizantes". O periódico destaca a questão do aumento do crédito. A
relação entre os empréstimos e o PIB cresceu mais de 20 pontos
porcentuais desde 2002 no Brasil e mais de dez pontos na Índia e na
Rússia. O aumento do crédito como proporção do PIB
nesse ritmo pode significar, na avaliação da Economist, "o reflexo de um potencial ciclo de desestabilização financeira".
Isso
não quer dizer que virá o caos. Para a Economist, "quando a poeira (da
crise) baixar, os emergentes continuarão crescendo a taxas superior às
registradas antes de 2002". Mas se os países quiserem voltar ao ritmo
dos últimos dez anos, diz o semanário, precisam "manter a disciplina
macroeconômica e retomar as reformas microeconômicas".
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