Os americanos são os mais preparados para gerar ataques virtuais,
embora a China seja o país com maior capacidade de se proteger de uma
possível "ciberguerra". Essa é a opinião do diretor global de pesquisa e
análise da Kaspersky (empresa de segurança na internet), Dmitry
Bestuzhev.
Segundo ele, os Estados Unidos seriam o país que tem melhores
condições para gerar ataques virtuais atualmente. Porém, devido ao tipo
de governo, em que há uma menor interferência estatal em setores
econômicos, o país acaba tendo uma grande dificuldade de se defender dos
ataques. Para o diretor, a China, comunista e com estrutura fechada,
acaba tendo melhores condições de se defender.
Segundo ele, esse tipo de crime atualmente não tem efeitos limitados
ao mundo digital, mas pode ser responsável por ataques similares a armas
de destruição de massa. Conforme a empresa, a cooperação entre os
países e o término do anonimato na internet são fundamentais para
combater esse tipo de ataque futuro.
"A tecnologia não é mais uma ferramenta, mas um meio que influencia
diretamente a nossa vida. Agora é possível provocar a morte de pessoas
agindo diretamente em uma plataforma da internet, sem comprar nenhuma
arma", diz. Para o diretor, os criminosos atuais podem, sem grandes
dificuldades, acessar sistemas de segurança de aeroportos, além de
outros sistemas de transporte de massa como trem, metrô, além de outros
serviços como sinalização pública. "O vírus atualmente é digital, mas o
impacto é físico, capaz de criar uma destruição física em massa maior do
que uma arma nuclear", conta.
Atualmente, conforme o diretor, a ciberguerra é incentivada pela
facilidade de compra e venda de informações sobre delitos cibernéticos,
que circulam facilmente entre os países. Segundo ele, as perspectivas
para o futuro não são boas, pois os governos podem fazer transferência
desse tipo de tecnologia entre países amigos, além de desenvolver
sistemas próprios ou comprar esse tipo de serviço no exterior.
Para evitar a proliferação dos crimes cibernéticos os governos
deveriam regularizar o uso das armas cibernéticas e desenvolver sistemas
industriais e operacionais que sejam absolutamente seguros, diz o
diretor. "Também é preciso que a internet deixe de ser um local em que
prospera o anonimato, ou a proteção contra esse tipo de crime ficará
complicada", completa.
Um caso emblemático caso do Stuxnet, que invadiu os sistemas do Irã e
provocou a destruição de 20% do programa nuclear do país, além de
atrasar o programa em cinco anos. "Os ataques cibernéticos são baratos,
anônimos, instantâneos e destrutivos, o que os torna cada vez mais
comuns", diz.
Para Roberto Martinez, analista da Kaspersky, a dificuldade em
identificar os cibercriminosos também se concentra no fato de que eles
não precisam ter um conhecimento especializado - são considerados um
novo tipo de empreendedores, que não operam em apenas um país, mas são
transnacionais.
Segundo ele, os países enfrentam dificuldade em criar uma legislação
que permita a investigação, mas ao mesmo tempo proteja os direitos civis
e a liberdade de expressão. "Estamos falando de crimes sem evidências
físicas, com provas digitais frágeis que podem ser identificadas. É uma
linha tênue a separação entre os direitos constitucionais dos
habitantes e o anonimato". Conforme o analista, o combate ao anonimato é
fundamental já que pesquisas confirmaram que quando as pessoas estão
atuando anonimamente, eles têm comportamentos menos éticos do que quando
estão identificadas.
O analista afirma que a dificuldade de criminalização desses delitos
esbarra na falta de uma legislação específica, de acordos internacionais
e de uma jurisdição capaz de continuar investigando os delitos que
ocorrem entre países. Outra dificuldade é que as vítimas de crimes
virtuais em geral não prestam denúncias.
"É importante incentivar a cooperação internacional contra o crime
cibernético, e trabalhar na implementação de leis locais e
internacionais, porque nenhum país consegue resolver esse tipo de ataque
sozinho, as leis na maioria dos casos estão defasadas e a colaboração
entre empresas e governos é fundamental para combater os ataques
virtuais", conta.
Fonte: Terra
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