Os bairros rebeldes de Aleppo, a grande cidade do norte da Síria, palco
de uma batalha crucial entre insurgentes e forças governamentais, foram
alvos de intensos bombardeios no início da manhã desta terça-feira.
Enquanto o conflito entra em seu 19º mês, sem que uma solução pareça ser
possível, o novo emissário da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi,
participa de reuniões na capital egípcia.
Durante o dia, ele deve se reunir "líderes da oposição síria, além de militantes e intelectuais sírios", declarou à AFP
seu porta-voz Ahmad Fawzi. Ele se reuniu com alguns na segunda-feira.
Sobre sua visita à Síria, "ela deve acontecer nos próximos dias",
acrescentou.
Brahimi assumiu o cargo no dia 1º de setembro, após a renúncia de Kofi
Annan, em razão da falta de apoio da comunidade internacional. Em
Aleppo, o Observatório Sírios dos Direitos Humanos (OSDH), que se baseia
em uma rede de militantes e testemunhas, relatou o bombardeio durante
toda a madrugada dos bairros rebeldes de Hanano, Chaar, Karm al-Mayssar e
Haydriyé, no leste da cidade.
"Os rebeldes tentam entrar há três dias em Midane (centro). Ontem às
22h00 (16h00 no horário de Brasília), o Exército realizou uma operação e
os afastou para o norte, na direção de Boustane al-Bacha", afirmou um
habitante à AFP. Mas "a cidade está estranhamente calma neste momento", ressaltou nesta terça-feira.
Em Aleppo, segunda maior cidade da Síria, com 2,5 milhões de habitantes,
o abastecimento de água potável foi retomado, após a reparação da
tubulação principal que foi destruída no fim de semana. Contudo, a falta
de água continua no noroeste da cidade, principalmente em Boustane
al-Bacha, um bairro controlado pelos rebeldes.
Angelina Jolie encontra refugiados
Em todo o país, no dia seguinte à morte de 139 pessoas em meio à violência, foram relatados combates em Damasco e nas províncias de Deir Ezzor (leste) e Idleb (noroeste). O conflito, iniciado em março de 2011 por um movimento de contestação pacífica que se militarizou com a repressão do regime, causou a morte de mais de 27 mil pessoas e obrigou milhares a fugir.
Em todo o país, no dia seguinte à morte de 139 pessoas em meio à violência, foram relatados combates em Damasco e nas províncias de Deir Ezzor (leste) e Idleb (noroeste). O conflito, iniciado em março de 2011 por um movimento de contestação pacífica que se militarizou com a repressão do regime, causou a morte de mais de 27 mil pessoas e obrigou milhares a fugir.
Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), o número de
sírios em outros países ultrapassa 250.000 pessoas. Cerca de 85 mil
estão na Jordânia, país que o chefe do Acnur, Antonio Guterres, e sua
emissária especial, Angelina Jolie, visitaram hoje.
Durante a sua chegada, a atriz americana, acompanhada de militares
jordanianos, encontrou famílias que atravessaram a fronteira
recentemente.
Além dos bombardeios e combates, os crimes bárbaros cometidos pelas duas
partes envolvidas no conflito se multiplicam. Na segunda-feira, ao
menos 20 soldados foram executados sumariamente por rebeldes em Aleppo.
Neste contexto, Brahimi considerou ser "muito difícil" a sua missão de
paz, durante uma reunião com o secretário-geral da Liga Árabe e com o
presidente egípcio, Mohamed Mursi, na segunda-feira. Nesta terça-feira, o
ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, também deve
se reunir com Mursi, indicou o ministério em um comunicado.
A capital do Egito recebeu ontem uma reunião preparatória do grupo de
contato sobre a Síria, com a presença de membros dos ministérios das
Relações Exteriores de Irã, Egito, Arábia Saudita e Turquia. A Rússia,
por sua vez, propôs uma conferência com a participação de "todos os
atores do conflito" sírio, representantes da oposição, do regime, e de
diferentes comunidades, para chegar a uma resolução para a crise.
Moscou, assim como Pequim, é um aliado de peso do regime de Bashar
al-Assad e já bloqueou no Conselho de Segurança da ONU três resoluções
que condenavam Damasco.
Fonte: Terra
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