Comandantes militares já falam em acelerar retirada, diante do
avanço do Talibã e em meio a análises que propõem negociação com
inimigo, para evitar desastre maior
Depois de onze anos de guerra e 2000 soldados norte-americanos mortos, a Otan pensa na possibilidade de acelerar o processo de retirada das tropas do Afeganistão. É o que diz que matéria publicada pelo The Guardian no início da semana, com base em entrevista com o secretário geral da aliança militar, Anders Fogh Rasmussen.
Segundo ele, a OTAN está realizando estudos para organizar essa
retirada. Devem estar finalizados em três meses. Rasmussen também
afirmou que até o final de 2014 haverá mudanças como adaptação,
recolocação e retirada das tropas no país.
A retirada total está prevista até o fim de 2014, mas Rasmussen
afirma que não descarta a possibilidade de que essa data seja
antecipada, e o processo seja mais rápido em algumas áreas. Segundo ele,
esta possibilidade não deve ser vista como uma retirada às pressas.
É uma afirmação controversa. Neste ano, intensificaram-se os ataques do Talibã
— o grupo islâmico que a OTAN desalojou do poder em 2001, e que desde
então dedica-se a uma guerra de guerrilhas. Em consequência, as baixas
da Otan na têm aumentado: o número de oficiais da aliança mortos no país
subiu de 131, em 2005, para 566 em 2011, segundo a organização ICasualties.
Algumas análises vão além, e já sustentam
que os Estados Unidos perderam a guerra mais longa na qual se
envolveram. Sugerem que um acordo com o Talibã é a única saída para
Washington nesse estágio. O jornalista norte-americano Spencer Ackerman,
especializado em assuntos militares, afirma que “os EUA terão que
confiar nas forças de segurança afegãs, ou acabarão precisando prolongar
seu caro compromisso com o Afeganistão”.
Os planos iniciais prevêm que missões de treinamento para as forças
de segurança afegãs, , conduzidas pela OTAN, deverão prosseguir mesmo
depois da retirada. Porém, em missões como essa, soldados afegãs mataram
mais de 50 soldados da aliança ocidental e dos Estados Unidos nesse
ano, voltando-se contra seus “mentores”.
Por outro lado, segundo Ackerman, se a Otan não mantiver as missões
de treinamento, provavelmente terá que manter forças no Afeganistão em
uma quantidade significativa, para garantir que o Talibã não controle o
país.
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