De acordo com o Departamento de Estatística da Autoridade Palestina,
mais de 4 mil menores palestinos trabalham em assentamentos israelenses
na Cisjordânia e recebem um salário bem inferior ao estabelecido pela
lei do salário mínimo em Israel.
O ministério do Trabalho de Israel disse ao Terra que "não tem conhecimento" desses números e que as leis trabalhistas do país "são válidas" nos assentamentos na Cisjordânia.
De acordo com o ministério, "não foram recebidas queixas sobre
violações da lei do salário mínimo" em relação a jovens e, se houver
queixas, elas serão tratadas de acordo com a lei.
No entanto, o departamento de Estatística palestino afirma que,
durante o ano de 2011, cerca de mil crianças palestinas de 14 e 15 anos
trabalharam em assentamentos, principalmente em agricultura, indústria e
construção civil, em troca de um salário de cerca de 6 shekels (moeda
israelense) por hora, enquanto o salário mínimo para jovens em Israel é
de 16 shekels (cerca de R$ 8) por hora.
O departamento também afirma que mais 3.300 jovens palestinos de 16 e
17 anos foram empregados nos assentamentos durante o ano de 2011.
De acordo com o diretor do Instituto de Pesquisa Socioeconômica de
Belém, Jad Ishaq, o fenômeno ocorre principalmente na chamada Área C,
que integra 60% da Cisjordânia e que é totalmente controlada pelas
tropas israelenses.
Nessa área vivem cerca de 150 mil palestinos em vilarejos agrícolas
muito pobres, e as crianças frequentemente deixam os estudos para ir
ajudar no sustento das famílias.
Área sem lei
Na área C também estão os assentamentos israelenses que abrigam cerca de 380 mil colonos e, principalmente na região do Vale do Jordão, agricultores israelenses empregam mão de obra palestina.
Na área C também estão os assentamentos israelenses que abrigam cerca de 380 mil colonos e, principalmente na região do Vale do Jordão, agricultores israelenses empregam mão de obra palestina.
Colonos abordados pela ONG Defence for Children (Defesa para as
Crianças) afirmaram que "não sabem exatamente a idade" dos palestinos
que trabalham nos assentamentos, pois esses são recrutados pelos Rais -
intermediários palestinos que contratam trabalhadores para os
assentamentos em troca de comissões.
De acordo com a ONG, crianças palestinas trabalham em plantações dos
assentamentos de Tomer, Yafit e Argaman, no Vale do Jordão, em condições
duras e prejudiciais para a saúde dos menores.
O pesquisador Ishaq afirma que "na área C não há lei". De acordo com
ele, a lei da Autoridade Palestina não é aplicada nessa região, onde o
controle exclusivo é das autoridades israelenses e os colonos "não
respeitam a própria lei israelense".
Empobrecimento
O vice-ministro do Trabalho da Autoridade Palestina, Assef Saeeb, disse ao Terra que representantes da Autoridade Palestina não têm permissão para entrar na área C e verificar a situação das crianças que trabalham nos assentamentos.
O vice-ministro do Trabalho da Autoridade Palestina, Assef Saeeb, disse ao Terra que representantes da Autoridade Palestina não têm permissão para entrar na área C e verificar a situação das crianças que trabalham nos assentamentos.
Saeeb também disse que a questão do trabalho infantil se agravou com a
crise econômica que abala a Autoridade Palestina. Com a redução das
doações dos países europeus, em consequência da crise economica mundial,
se observa um processo de empobrecimento nos territórios palestinos
"que leva muitas crianças a buscarem trabalho para ajudar as familias".
Segundo o vice-ministro, a Autoridade Palestina ainda não tem uma lei
de salário minimo, porém está elaborando um projeto que deverá ser
anunciado em meados deste mês.
O departamento de Estatística da Autoridade Palestina também afirma
que milhares de crianças palestinas trabalham dentro da própria
sociedade palestina, em agricultura, comércio e serviços, e que essa
tendência aumenta com o empobrecimento geral.
Fonte: Terra
0 Comentários