Recentemente foi descoberto na Tanzânia um conjunto de ossos
cranianos de uma criança que morreu 1,5 milhões de anos atrás.
Ela não
devia ter mais de dois anos, e não se sabe ainda a qual espécie
pertenceu: poderia ser Homo habilis ou Homo erectus, ou mesmo o Paranthropus boisei.
Mas uma coisa se sabe: ela sofria de hiperostose porótica, e isto é
aparentemente muito importante. Por quê? A hiperostose está relacionada a
várias causas possíveis,
uma delas a deficiência de vitamina B2 e B12, que é o que parece ser o
caso dessa criança.
A deficiência acontece com crianças que estão
mudando a dieta de leite para alimento sólido, e que acabam não
ingerindo carne suficiente ou, se a criança ainda depende do leite da
mãe, indica que ela, a mãe, não está ingerindo carne o suficiente.
E é aí que as coisas começam a ficar interessantes. Se a criança
sofria de uma doença causada pela ingestão insuficiente de carne, isso
implica que já naquela época a carne fazia parte da dieta regular do ser
humano, e não de um alimento de ingestão ocasional. Os humanos teriam
que ser caçadores para poder depender tanto assim da carne.
Especula-se que a ingestão regular de carne foi o que permitiu
mudanças-chave na raça humana, como o desenvolvimento do cérebro, algo
que nos define atualmente.
Dada esta importância, os cientistas sempre
quiseram saber quando o ser humano passou a comer carne regularmente.
Algumas descobertas anteriores indicavam que o australopiteco comia
carne ocasionalmente. Haviam também algumas ferramentas que indicavam
que o consumo de carne existia 2,5 milhões de anos atrás.
Mas só agora,
com as novas evidências de uma doença relacionada a uma dieta pobre em
carne, ficou claro que o ser humano dependia de sua ingestão regular.
Outra coisa que a descoberta sugere é que o desenvolvimento do cérebro
também dependeu deste consumo.
Os cientistas agora querem saber como os humanos antigos obtinham sua carne, como quais as estratégias de caça usavam.
Fonte: Hypescience - Via Arquivos do Insólito
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