Em um revés para a política antiterror dos EUA, a ONU planeja criar no
ano que vem em Genebra (Suíça) uma unidade dedicada a investigar a
legalidade de ataques feito por drones, aeronaves não tripuladas, nos
casos em que civis foram mortos.
A informação é do jornal britânico "The Guardian", que reportou
declarações de Ben Emmerson, relator especial da ONU que monitora
atividades antiterror.
Emmerson disse que, na ausência de um "mecanismo de monitoramento efetivo e independente" dos drones, a ONU vai agir.
"Junto com meu colega Christof Heyns [relator especial sobre execuções
extrajudiciais], vou lançar uma unidade de investigação com base nos
procedimentos especiais do Conselho de Direitos Humanos [da ONU] para
analisar ataques individuais feitos por drones", afirmou ele na Escola
de Direito da Universidade Harvard (EUA), segundo o "Guardian".
O relator disse endossar a visão de Heyns de que ataques americanos no Paquistão usando drones poderiam ser "crimes de guerra".
Afirmou que o paradigma da guerra ao terror (ações antiterror onde quer
que os terroristas estejam) endossada pelo governo Barack Obama é
"indefensável".
"[O paradigma] deu espúrias justificativas para uma gama de sérias
violações dos direitos humanos e das leis humanitárias", disse.
Emmerson criticou o fato de que nem Obama nem seu rival nas eleições
presidenciais de novembro, Mitt Romney, tenham discutido o tema na
campanha.
Durante o governo Obama, ataques com drones aumentaram 500%. Estudo
recém-publicado pelas universidades de Nova York e Stanford aponta que
98% dos mortos em ataques de drones são civis ou militantes do baixo
escalão, e só 2% dos mortos são os "alvos de grande valor".
Em outro revés para o uso de drones, um advogado do governo britânico
disse ontem à Corte Suprema do país que o Reino Unido pode ser
questionado por ter compartilhado informações de inteligência usadas em
ataques de drones no Paquistão.
Fonte: Folha
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