Um relatório de análise da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de
Combate (Copac) da Força Aérea Brasileira (FAB), obtido com
exclusividade por ISTOÉ, deve provocar uma reviravolta na concorrência
para a compra dos caças, que se arrasta desde o governo FHC. O documento
mostra que, contrariando as especulações em torno do programa F-X2, a
FAB optou pelo caça americano F-18 Super Hornet, produzido pela Boeing.
Entre os concorrentes estão o modelo francês Rafale e o sueco Gripen NG.
O relatório estava pronto havia dois anos, mas tinha sido engavetado
pelo então ministro da Defesa, Nelson Jobim. Na ocasião, o ministro
levou ao Palácio do Planalto a preferência pelo Rafale, uma opção
política que não considerou as análises técnicas contidas no documento
produzido pela Aeronáutica. O ex-presidente Lula chegou a tornar
pública uma preferência pelos franceses e com frequência emitia sinais
de exagerada proximidade com o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy.
Diante da predileção da FAB pelo avião americano, resta saber agora
qual será a decisão final da presidenta Dilma Rousseff. A tendência é
acompanhar o relatório técnico. Dilma revelou a assessores que está
disposta a bater o martelo sobre os caças antes do vencimento das
propostas comerciais no próximo dia 31. O que lhe interessa, tem dito a
presidenta, é saber qual negócio oferecerá mais vantagens ao
desenvolvimento do País. E a FAB garante que a compra do modelo
americano é a mais vantajosa.
Questões como preço, custo de manutenção, prazo de entrega e desempenho
operacional são exploradas a fundo pelo relatório. O documento da FAB
mostra, por exemplo, que o F-18 tem um custo de US$ 5,4 bilhões para o
pacote de 36 aeronaves. É quase a metade dos US$ 8,2 bilhões orçados no
Rafale. O Gripen NG, oferecido a US$ 4,3 bilhões, é o mais barato dos
três, mas trata-se de um avião em desenvolvimento nunca testado em
combate na versão oferecida, pondera a FAB. O caça francês, além de mais
caro que os demais, possui valor de hora-voo de US$ 20 mil. O dobro do
jato americano (US$ 10 mil) e três vezes o do sueco (US$ 7 mil). Para
justificar a preferência pelos caças americanos, o relatório traz outro
dado nunca mencionado nas discussões anteriores sobre o FX-2: o
armamento empregado no Super Hornet é mais econômico e possui maior
diversidade que o de seus concorrentes. No documento, a FAB alerta
também para a necessidade de uma solução imediata sobre o programa de
caças, em razão do risco de vulnerabilidade a que o Brasil estará
exposto em breve. “A importância estratégica do F-X2 torna-se evidente
diante de um quadro de obsolescência”, alerta a FAB.
Outro documento também obtido pela reportagem da ISTOÉ poderá pesar na
decisão da presidenta. Trata-se de uma minuta de cooperação estratégica
firmada em sigilo entre a Embraer e a Boeing, pela qual a companhia
americana – maior fabricante mundial de aeronaves – se compromete a
entregar o maior programa de off-set (contrapartida) já oferecido pelos
EUA a qualquer país fora da Otan. O acordo estabelece, por exemplo,
apoio à comercialização dos Super Tucanos A-29 e do avião de transporte
KC-390 em mercados inacessíveis ao Brasil. Também está prevista a
construção conjunta de um avião de treinamento para pilotos, que poderá
ser vendido a países da América Latina, a integração de armamentos nos
Super Tucanos e o desenvolvimento de um jato multiemprego de quinta
geração para ser comercializado em nível mundial. Num gesto inédito, a
Boeing se compromete ainda a abrir um centro tecnológico no Brasil.
Oficialmente, a Embraer diz desconhecer o documento, mas garante que
está capacitada para trabalhar em parceria com quaisquer dos
fornecedores. Num encontro recente com o comandante da FAB, Juniti
Saito, a presidenta Dilma foi enfática. “Precisamos ajudar a Embraer”,
disse. Não ficou claro se ela já havia decidido pelo F-18, mas
assessores garantem que a análise técnica nunca pesou tanto.
Fonte: Isto É
Nota: Ja faz um tempo que estamos dizendo que a FAB vai é de F-18...
6 Comentários
Na minha opinião, o Brasil poderia contar com os novíssimos Sukoy 35 que têm grande capacidade de alcance e poder de fogo, como necessita o nosso território. Paralelamente, a Marinha poderia ser suprida com os Raphale. Esta conjunção de possibilidades poderia dar ao Brasil melhor atendimento às suas necessidades. A par, é lógico, da transferência da tecnologia de cada um desses caças.