O vice-almirante César Pinto Correa, um dos responsáveis
pelo Prosub - programa de construção de quatro submarinos convencionais e
um com propulsão nuclear - informou que a Marinha terá missão difícil
nos próximos anos. Precisará atrair 440 engenheiros para atuar no
projeto do submarino de propulsão nuclear, em São Paulo. A força armada
está em contato com a Universidade de São Paulo (USP), mas sabe que os
engenheiros estão demandados no mercado de trabalho. Pinto Corrêa é
coordenador-executivo do Coordenadoria-Geral do Programa de
Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear (Cogesn). Hoje, a
Marinha conta com 60 engenheiros na tarefa e, a curto prazo, irá
contratar o restante, para atingir 500 em breve. Estima-se que 70% sejam
civis - pois não há, na força armada, tamanha disponibilidade.
No início de 2013 será criada a estatal Amazônia Azul Tecnologia
de Defesa, com a missão de viabilizar a construção do submarino de
propulsão nuclear. Por incrível que possa parecer, o submarino nuclear
terá altíssimo índice de nacionalização, pois é praticamente impossível
comprar peças com esse fim, devido a veto internacional. Assim, a
nacionalização será obrigatória - pois ninguém vende itens nucleares.
Frisa que, no caso dos submarinos convencionais, a francesa DCNS
fornece tecnologia, por acordo com o Brasil, mas, no caso do submarino
nuclear, caberá ao Brasil desenvolver o projeto, contando tão somente
com assistência técnica francesa.
- No caso nuclear, ninguém ajuda e, se puder, os demais ainda
atrapalham - afirmou. Apenas produzem submarinos de propulsão nuclear os
cinco membros do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, Rússia,
China, França e Inglaterra - e ainda Índia. Assim, o Brasil será membro
de um clube com apenas sete sócios. Desde que o Governo criou a
Estratégia Nacional de Defesa, em 2008, este é o maior programa bélico,
embora vise a assegurar presença brasileira, para "negar o uso do mar a
forças inimigas" um objetivo especial é o de dar apoio às plataformas,
que geram enorme riqueza para o país.
Foram criadas as empresas Consórcio Baía de Sepetiba e Itaguaí
Construções Navais (ICN), ambas formadas por DCNS e Odebrecht, sendo
que, na ICN, a Marinha tem "golden share", ou seja, ação especial que
lhe permite vetar certas deliberações. Explicou o almirante que, se
essas empresas fossem estatais, as dificuldades burocráticas seriam
muitas. O projeto está orçado em 7 bilhões de euros - mais de R$ 20
bilhões - e o Brasil mantém até um escritório na França só para cuidar
da questão. O submarino de propulsão nuclear deverá ficar pronto em
2025.
Cita problemas, como o fato de que a Comissão Nacional de Energia
Nuclear (Cnen) terá de certificar uma "usina flutuante". Por isso, a
Cnen está, desde o início, participando de todos os passos do projeto.
Como o Tribunal de Contas da União (TCU) costuma complicar a vida dos
executores de grandes empreitadas, foram criados quatro grupos de
trabalho com a presença do TCU. A área em Itaguaí conta com 1 milhão de
metros quadrados e atualmente lá estão 9 mil empregados. Os estudos e
montagem nucleares serão feitos em São Paulo. O submarino nuclear deverá
contar, permanentemente, com duas tripulações, uma no mar e outra em
terra. O estaleiro deverá ficar pronto em 2015 e a parte nuclear em
2017.
- Uma solda para o submarino de propulsão nuclear, por exemplo, terá de apresentar 100% de perfeição, ou seja, zero de defeitos.
Frisou o almirante Pinto Correa que o Programa de Construção dos
Submarinos (Prosub) não é da Marinha, mas do Governo, o que não se trata
de questão formal, mas uma importante sinalização de que interessa ao
país, de forma ampla.
Fonte: Monitor Mercantil
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