O Exército do Mali, com o apoio das tropas francesas, voltou nesta sexta-feira a avançar, recuperando o controle da cidade de Konna (centro) das mãos de grupos extremistas islamitas que reivindicaram o sequestro coletivo realizado na Argélia.
Neste país vizinho, no campo de exploração de gás no Saara onde centenas de trabalhadores locais e dezenas de estrangeiros foram feitos reféns, os números ainda são conflitantes 24 horas após o ataque lançado por Argel contra o comando islamita na quinta-feira.
Segundo uma fonte da segurança, citada pela agência oficial APS, doze reféns morreram desde a ofensiva do exército argelino.
"Além
dos 18 terroristas que foram tirados do caminho do mal, 12 funcionários
argelinos e estrangeiros morreram", indicou esta fonte, que não
precisou o nome nem a nacionalidade das vítimas.
De acordo com o
primeiro-ministro britânico, David Cameron, o Exército "continua a
perseguir os terroristas e provavelmente os reféns".
Esta
operação deixou em segundo plano a situação no terreno no Mali, onde a
França mantém seus ataques aéreos contra os grupos islamitas,
acompanhados por incursões terrestres.
Nesta sexta-feira à tarde, o
Ministério francês da Defesa assegurou que "não há combates em Diabali
neste momento", dando a entender que esta cidade não foi recuperada dos
combatentes islamitas.
Pouco tempo antes, uma fonte da segurança
regional havia confirmado as declarações de um morador de Diabali, 400
km ao norte de Bamaco, que havia dito que a cidade tinha sido retomada
pelo Exército malinense.
"Diabali foi libertada, os islamitas foram
embora, os militares franceses e malinenses entraram na cidade", afirmou
o habitante, membro do conselho municipal.
Diabali foi tomada
segunda-feira pelos islamitas, aparentemente liderados pelo argelino
Abou Zeid, um dos líderes da Al-Qaeda do Magreb Islâmico (Aqmi).
"Pesadas perdas"
A
localidade foi bombardeada várias vezes na terça-feira pela aviação
francesa, mas os islamitas não abandonaram suas posições e, segundo
várias testemunhas, tentaram se esconder entre a população local, que
passou a servir de escudo humano.
"Desde o ataque francês, nós
sabemos que eles rasparam suas barbas, eles se disfarçam e tentam se
esconder entre a população", afirmou o capitão malinense Cheickné
Konaté.
Nesta região, "temos os grupos mais difíceis, os mais
fanáticos, os mais organizados, os mais determinados e bem armados",
havia afirmado o ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian.
"Enfrentamos várias centenas, mais de mil - 1.200, 1.300 -, terroristas
na região, com reforços que podem chegar amanhã", acrescentou.
No
início da manhã, o Exército do Mali afirmou ter recuperado o controle da
cidade de Konna (centro), uma localidade na estrada de Bamako, que caiu
nas mãos dos combatentes islâmicos em 10 de dezembro, o que provocou a
intervenção francesa no país.
A informação foi confirmada por uma
fonte da segurança regional e por habitantes da região contatados pela
AFP. A região continua inacessível aos observadores independentes.
Foram necessários novos ataques aéreos franceses na quinta para que os soldados malinenses conseguissem entrar na cidade, de acordo com uma fonte da segurança.
Acelerar a implementação da Misma
Jean-Yves
Le Drian, havia reconhecido no dia 15 de janeiro que Konna, 700km a
nordeste de Bamaco, não tinha sido retomada pelo Exército do Mali.
A
queda de Konna durante uma ofensiva surpresa dos combatentes islamitas
em 10 de janeiro, no momento em que os combates entre o Exército
malinense e os grupos jihadistas estavam paralisados há meses, provocou a
intervenção da França, que temia um avanço dos extremistas para Bamako
(sul), primeiramente com ataques aéreos e, em seguida, com uma
intervenção terrestre.
Mais de 1.800 soldados franceses estão
mobilizados nos campos de batalha do Mali, um número que deve chegar a
2.500 homens, segundo Paris.
Os primeiros elementos da Força de
Intervenção da África Ocidental (Misma)chegaram quinta-feira à noite em
Bamaco. Eles são cerca de cem togoleses e nigerianos.
A Comunidade
Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) se reunirá sábado em
Ajidjan para uma reunião extraordinária sobre o Mali. A França anunciou
nesta sexta-feira que o ministro das Relações Exteriores, Laurent
Fabius, que participará.
"A guerra que nos foi imposta pela
rejeição dos movimentos criminosos e terroristas da paz oferecida pelos
esforços de mediação da Cedeao exige a aceleração da implementação da
Misma", declarou o presidente da Comissão da Cedeao, Désiré Kadré
Ouédraogo.
Cerca de 2.000 membros desta força, liderada pelo general nigeriano Shehu Abdulkadir, devem chegar ao Mali até 26 de janeiro.
Oito
países da África Ocidental - Nigéria, Togo, Benin, Senegal, Níger,
Guiné, Gana e Burkina Faso - mais o Chade anunciaram sua contribuição
com a Misma. No total, serão 5.300 soldados do continente africano
enviados ao Mali.
Fonte: EM
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