A possibilidade de a Embraer tornar-se fabricante de helicópteros
brasileira pode ser uma pulga atrás da orelha, mas não afeta os planos
da Helibras — até agora a única indústria da América Latina nesse
mercado — de manter sua estratégia de conseguir projetar o primeiro
helicóptero no Brasil e comemorar 35 anos de atuação no país com grande
expectativa de crescimento de produção e de novas contratações.
“Nós já fabricamos 700 helicópteros e temos desenvolvido
tecnologia para ampliar cada vez mais a participação do produto nacional
em nossas aeronaves. Não se consegue isso de uma hora para outra”,
comemora Eduardo Marson Ferreira, presidente da Helibras, em entrevista
exclusiva ao BRASIL ECONÔMICO.
Caso seja consolidado, o acordo da Embraer com a Agusta
traz para dentro do Brasil uma concorrência global, já que as quatro
maiores fabricantes mundiais de helicópteros são justamente a
franco-alemã Eurocopter (dona de 75% da Helibras), a italiana Agusta, a
Sikorsky (EUA) e a Bell (EUA). “Acho que seria o caso de perguntarmos:
qual outro país tem duas fabricantes de helicópteros em um mesmo
local?”, questiona Marson, ponderando que um cenário assim deve trazer
aumento de concorrência por mão-de-obra, fornecedores e tecnologia — e
não apenas de produção e venda —, algo que, até então, só tem sido
viável no mercado americano, o maior do mundo, especialmente na área
militar.
Considerando a alta expectativa de crescimento da demanda
brasileira (leia mais no texto ao lado), porém, alguns especialistas
acreditam que haja espaço para esse tipo de concorrência, caso ela
realmente se concretize. Não é a primeira vez que a Agusta sugere
investir em uma linha de fabricação brasileira, mas só agora passa a
contar com uma parceria de peso como esta da Embraer.
No entender do presidente da Helibras, contudo, talvez
seja preciso olhar com mais atenção o comunicado distribuído pela
fabricante brasileira de aviões. “O texto fala especialmente em um
acordo de marketing. Penso que essa seria a prioridade da parceria”,
diz.
Com uma nova fábrica inaugurada em Itajubá (MG) em
outubro — que envolveu o investimento de US$ 430 milhões —, a Helibras
começa a cumprir um grande acordo para fornecer 50 aeronaves para as
Forças Armadas Brasileiras. A previsão de Marson é de que, a partir do
ano que vem, grande parte dessa encomenda seja entregue, num processo
que deve terminar em 2017. Por enquanto, ele conta, já saíram da fábrica
cinco helicópteros.
Foi justamente a criação da Estratégia Nacional de Defesa
pelo governo brasileiro, em 2008, um dos principais fatores que
impulsionaram a parceria entre a Helibras e a Eurocopter. Atualmente,
11% do valor agregado nos modelos entregues às Forças Armadas são
nacionais, ou seja, composto por peças e componentes fabricados por
indústrias brasileiras. Mas, até 2017, as aeronaves militares estarão
sendo entregues com 50% de índice de nacionalização, segundo Marson.
A Helibras também produz um dos modelos de maior
comercialização, o Esquilo, hoje com 48% de peças e componentes
brasileiros. “Na versão policial do Esquilo já alcançamos mais de 50% de
nacionalização”, diz. Todo esse crescimento já permitiu que a empresa
ampliasse de 260 para 750 o número de seus funcionários. Até o ano que
vem, eles devem somar 950.
Fonte: Brasil Econômico - Via: IG
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