”No campo energético, esse é o assunto do momento no mundo.” A avaliação
é do engenheiro elétrico Celso Novais, de 53 anos, um paulista que há
22 anos trabalhou na Itaipu Binacional, uma das maiores hidrelétricas do
mundo, em Foz do Iguaçu, no Paraná. O assunto em questão é a mobilidade
elétrica sustentável, ou, trocando em miúdos, a eletricidade como
substituta dos combustíveis fósseis em veículos de qualquer serventia,
até mesmo aviões. Para o engenheiro, já não restam dúvidas de que os
veículos de um futuro bem próximo serão todos elétricos ou híbridos (com
duas fontes de energia, a elétrica incluída).
Em 2006, uma parceria da Fiat Automóveis e da Itaipu colocou em uso vários automóveis Siena elétricos na usina, veículos que ainda circulam. Desde então, a hidrelétrica, por meio do Projeto Veículo Elétrico (VE) – desenvolvido pela Itaipu Binacional e parceiros e coordenado pelo engenheiro Novais –, desenvolveu protótipos de Jeeps 4x4 e micro-ônibus. No fim de outubro, o VE começou estudos para desenvolver o primeiro Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do Brasil. O único VLT produzido no país é o da empresa cearense Bom Sinal, que tem motor movido a diesel e biodiesel. Os engenheiros e técnicos de Itaipu trouxeram a Foz do Iguaçu um modelo em escala real do VLT da Bom Sinal. A primeira etapa do trabalho, com duração prevista de um ano e meio, vai promover a acomodação do sistema de tração elétrica ao protótipo, para depois desenvolver uma versão elétrica do VLT.
Outra frente aberta pelo projeto é o desenvolvimento de um avião movido a eletricidade, em parceria com a fabricante brasileira de aeronaves ASC Aviation, de São José dos Campos (SP). A empresa paulista produz um pequeno e moderno modelo esportivo, o ACS 100 Sora, usado também para acrobacias aéreas, que hoje voa com motor a combustão. A ideia é colocar no ar o primeiro avião elétrico brasileiro já neste ano. Celso Novais explica que a nova linha de pesquisa vai agregar ao trabalho conhecimentos sobre o uso de materiais compostos – largamente usados na aviação, sendo extremamente leves e altamente resistentes – para a redução do peso dos protótipos.
No campo dos automóveis elétricos, ele observa que o cidadão comum, pelo menos no Brasil, ainda não tem oferta deles. "E mesmo que tivesse, não seria uma compra interessante, pois seu custo é mais do que o dobro de um convencional. Os automóveis elétricos têm autonomia de até 130 quilômetros e precisam de uma carga de oito horas na bateria. Ela pode ser feita por meio de uma tomada de residência, por exemplo." O engenheiro diz que, com 7 bilhões de habitantes no planeta, não há outra saída que não seja repensar o uso de combustíveis fósseis para promover a sustentabilidade e a redução da emissão de gás carbônico (CO²). "Veja bem, um veículo movido a gasolina, diesel ou álcool tem 80% de sua energia desperdiçada em calor e poluição, ao passo que um elétrico aproveita de 80% a 85% de sua energia", explica, acrescentado que esse último não polui e é silencioso.
Em 2006, uma parceria da Fiat Automóveis e da Itaipu colocou em uso vários automóveis Siena elétricos na usina, veículos que ainda circulam. Desde então, a hidrelétrica, por meio do Projeto Veículo Elétrico (VE) – desenvolvido pela Itaipu Binacional e parceiros e coordenado pelo engenheiro Novais –, desenvolveu protótipos de Jeeps 4x4 e micro-ônibus. No fim de outubro, o VE começou estudos para desenvolver o primeiro Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do Brasil. O único VLT produzido no país é o da empresa cearense Bom Sinal, que tem motor movido a diesel e biodiesel. Os engenheiros e técnicos de Itaipu trouxeram a Foz do Iguaçu um modelo em escala real do VLT da Bom Sinal. A primeira etapa do trabalho, com duração prevista de um ano e meio, vai promover a acomodação do sistema de tração elétrica ao protótipo, para depois desenvolver uma versão elétrica do VLT.
Outra frente aberta pelo projeto é o desenvolvimento de um avião movido a eletricidade, em parceria com a fabricante brasileira de aeronaves ASC Aviation, de São José dos Campos (SP). A empresa paulista produz um pequeno e moderno modelo esportivo, o ACS 100 Sora, usado também para acrobacias aéreas, que hoje voa com motor a combustão. A ideia é colocar no ar o primeiro avião elétrico brasileiro já neste ano. Celso Novais explica que a nova linha de pesquisa vai agregar ao trabalho conhecimentos sobre o uso de materiais compostos – largamente usados na aviação, sendo extremamente leves e altamente resistentes – para a redução do peso dos protótipos.
No campo dos automóveis elétricos, ele observa que o cidadão comum, pelo menos no Brasil, ainda não tem oferta deles. "E mesmo que tivesse, não seria uma compra interessante, pois seu custo é mais do que o dobro de um convencional. Os automóveis elétricos têm autonomia de até 130 quilômetros e precisam de uma carga de oito horas na bateria. Ela pode ser feita por meio de uma tomada de residência, por exemplo." O engenheiro diz que, com 7 bilhões de habitantes no planeta, não há outra saída que não seja repensar o uso de combustíveis fósseis para promover a sustentabilidade e a redução da emissão de gás carbônico (CO²). "Veja bem, um veículo movido a gasolina, diesel ou álcool tem 80% de sua energia desperdiçada em calor e poluição, ao passo que um elétrico aproveita de 80% a 85% de sua energia", explica, acrescentado que esse último não polui e é silencioso.
Celso Novais acredita que a própria indústria automobilística mundial
não tem interesse imediato no uso de veículos elétricos, "pois ela não
vai atirar em seu próprio pé, visto que tem toda uma estrutura preparada
para fornecer os atuais carros". Mas afirma que "todos os grandes
fabricantes têm projetos e protótipos de elétricos guardados na gaveta,
pois sabem que esse vai ser o caminho". O engenheiro destaca que o peso
do protótipo e a autonomia das baterias são os grandes problemas
enfrentados pelos carros elétricos e faz um paralelo com a bateria dos
telefones celulares. "Quando a telefonia móvel surgiu, as baterias eram
imensas e com carga de pouca duração. A evolução foi a que se viu e hoje
temos baterias bem pequenas e com longa duração. Esse vai ser o futuro
dos carros elétricos", afirma, acrescentando que a China é que vai puxar
a fila, pois é o país mais preparado para tanto.
AVIÃO ELÉTRICO No caso da associação com a ASC Aviation para implantar o modelo elétrico no avião ACS 100 Sora, o engenheiro comenta que a empresa paulista foi apresentada ao Projeto VE por funcionários da Embraer, a gigante aeronáutica brasileira. O interesse era desenvolver um motor elétrico para o pequeno Sora e o nome da Itaipu Binacional logo surgiu como referência no setor. "A ACS é uma empresa com apenas seis anos de vida, mas com altíssima tecnologia, formada por profissionais competentes e com muito conhecimento na área de aeronáutica", afirma Novais.
AVIÃO ELÉTRICO No caso da associação com a ASC Aviation para implantar o modelo elétrico no avião ACS 100 Sora, o engenheiro comenta que a empresa paulista foi apresentada ao Projeto VE por funcionários da Embraer, a gigante aeronáutica brasileira. O interesse era desenvolver um motor elétrico para o pequeno Sora e o nome da Itaipu Binacional logo surgiu como referência no setor. "A ACS é uma empresa com apenas seis anos de vida, mas com altíssima tecnologia, formada por profissionais competentes e com muito conhecimento na área de aeronáutica", afirma Novais.
Ele diz que o avião, em si, não é uma prioridade para o Projeto VE, mas é
um meio de transporte em que o pouco peso dos componentes é fator
determinante. A ACS desenvolveu, por exemplo, uma asa que é tão
resistente que suporta 10 sacos de cimento em cada ponto. Ao mesmo tempo
é superleve, pesando cerca de 60 quilos cada. "Essa combinação de
materiais que resulta em pouco peso, esse know-how é o que estamos
procurando, visto que a redução do peso dos protótipos é o caminho mais
rápido e eficiente para melhorar a autonomia dos veículos elétricos. E
também aprimorar a densidade energética das baterias, o que requer mais
tempo e altos investimentos."
Desde setembro, integrantes do Projeto VE acompanham testes com o Sora em São José dos Campos e levantam informações como a potência necessária para decolar e taxiar na pista. Se tudo correr conforme o planejado, o primeiro avião elétrico brasileiro vai decolar da pista de Itaipu, na margem paraguaia de Itaipu Binacional, em agosto.
ASAS DO FUTURO O engenheiro mecânico Alexandre Zaramella, de 38, é mineiro de Belo Horizonte e formou-se pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele é diretor-presidente da ACS Aviation e igualmente acredita que a energia elétrica é o combustível do futuro para o transporte. "Estamos testando a eletricidade em um modelo de avião já consolidado. Estamos na fase experimental, com vistas a chegar ao lado comercial. Trata-se de uma inovação no Brasil, mas podemos afirmar que a produção de aviões elétricos ainda é bem incipiente no mundo todo. Todos estão no mesmo patamar e há grandes fabricantes interessados no assunto, como a Boeing, que já testa modelos híbridos", afirma. A ACS Aviation é parceira do Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA) da UFMG.
Desde setembro, integrantes do Projeto VE acompanham testes com o Sora em São José dos Campos e levantam informações como a potência necessária para decolar e taxiar na pista. Se tudo correr conforme o planejado, o primeiro avião elétrico brasileiro vai decolar da pista de Itaipu, na margem paraguaia de Itaipu Binacional, em agosto.
ASAS DO FUTURO O engenheiro mecânico Alexandre Zaramella, de 38, é mineiro de Belo Horizonte e formou-se pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele é diretor-presidente da ACS Aviation e igualmente acredita que a energia elétrica é o combustível do futuro para o transporte. "Estamos testando a eletricidade em um modelo de avião já consolidado. Estamos na fase experimental, com vistas a chegar ao lado comercial. Trata-se de uma inovação no Brasil, mas podemos afirmar que a produção de aviões elétricos ainda é bem incipiente no mundo todo. Todos estão no mesmo patamar e há grandes fabricantes interessados no assunto, como a Boeing, que já testa modelos híbridos", afirma. A ACS Aviation é parceira do Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA) da UFMG.
Fonte: EM
0 Comentários