Com o seu primeiro contrato militar com os Estados Unidos na mão, a unidade de defesa da fabricante de aviões brasileira Embraer atingiu seu grande momento, estabelecendo-se como um player global, enquanto o resto da indústria precisa lidar com orçamentos reduzidos de governos em todo o mundo. O avião de ataque leve que a Embraer fornecerá para os EUA no Afeganistão ilustra como a empresa, que é mais conhecida pelos jatos regionais que fornece a companhias aéreas como a JetBlue, está subindo no ranking das 100 maiores fornecedoras de armas do mundo.
Um design robusto e de baixo custo fizeram do Super Tucano da Embraer o mais popular para missões contra insurgência da África à Ásia, onde o aumento da riqueza advinda de recursos naturais tem estimulado os gastos com defesa, cenário diferente daquele de austeridade na Europa e nos Estados Unidos.
O foco em mercados externos e nas ambições crescentes das forças armadas brasileiras fizeram da Embraer uma das poucas empresas no mundo a crescer as operações no segmento de defesa. "Há alguém mais otimista assim com defesa? Certamente nada que o investidor dos EUA possa apostar. Nada nesse hemisfério", disse o analista Myles Walton, do Deustche Bank, em uma entrevista. "A Embraer é a base do complexo militar na América Latina, por meio de uma combinação de execução, sorte e em ser a companhia certa no momento certo."
As ações da Embraer na Bovespa chegaram a atingir a máxima de cinco anos nesta quinta-feira, após o Pentágono declarar a empresa vencedora na licitação, na noite da véspera. Mas no decorrer do pregão, os papéis devolveram os ganhos, com analistas afirmando que o corte de gastos no orçamento de defesa dos EUA pode tornar a Força Aérea norte-americana menos propensa a exercer opções de compra por mais aviões Super Tucano. A ação da Embraer encerrou em baixa de 0,77%, a R$ 16,72.
A divisão de defesa da Embraer espera ter um crescimento de receita em até um terço neste ano, compensando a queda nas entregas de jatos comerciais a companhias aéreas e cancelamentos de pedidos por jatos executivos. O boom de defesa brasileira também está atraindo parceiros poderosos para a Embraer, da unidade de helicópteros da italiana Finmeccanica SpA e da fabricante de robôs israelense Elbit Systems até a Boeing, que intensificou o trabalho com a Embraer de forma considerável no ano passado.
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De fato, a Boeing pode ter sido uma das grandes vencedoras da decisão de quarta-feira. A parceria entre Washington e Brasília pode ajudar a aposta da Boeing em um negócio bilionário de venda de caças ao Brasil, disse uma autoridade brasileira à Reuters, classificando o acordo da Embraer como um "desenvolvimento muito bom" para a fabricante americana.
No ano passado, a presidente Dilma Rousseff congelou uma concorrência por no mínimo 36 caças, após os EUA revogarem um acordo anterior com a Embraer devido a ações legais movidas pela rival Beechcraft.
Autoridades brasileiras deixaram claro para os parceiros dos EUA no início deste ano que uma perda da Embraer na nova licitação seria ruim para as chances da Boeing no contrato brasileiro por caças, segundo uma fonte com conhecimento das discussões.

Fonte: Terra