O Comando da Força Aérea Russa já aprovou o projeto do avião, um bombardeiro de longo alcance de quinta geração, destinado a substituir os atuais Tu-95MS e Tu-160. A nova aeronave projetada pelo centro de desenvolvimento em tecnologias aeronáuticas Tupolev voará a velocidades subsônicas devido às características específicas de sua estrutura.
Enquanto todo o mundo esperava por um avião super veloz e o vice-primeiro-ministro, Dmítri Rogózin, cogitava sobre a velocidade da futura aeronave (na faixa de 6 mil km/hora), o comando da Força Aérea Russa escolheu o avião subsônico invisível entre os projetos oferecidos.
Uma fonte da Força Aérea Russa disse ao “Izvéstia” que a preferência foi dada ao projeto de avião asa. Devido à grande envergadura, a aeronave não será capaz de superar a velocidade do som, mas será invisível ao radar.
“O concurso de projetos foi aberto no início do ano passado e envolveu vários centros de projeção, além do Tupolev. Foram apresentados vários projetos de avião supersônico e um de aeronave hipersônica. Mas a preferência foi dada ao projeto de aeronave invisível ao radar desenvolvido pelo centro Tupolev”, disse ao “Izvéstia” uma fonte do Ministério da Defesa.
O comando da Força Aérea Russa já aprovou o projeto do avião, um bombardeiro de longo alcance de quinta geração, destinado a substituir os atuais Tu-95MS e Tu-160.

Características
De acordo com uma fonte da indústria aeronáutica, para voar a uma velocidade hipersônica, a aeronave deve possuir uma forma aerodinâmica perfeita, enquanto uma forma angular torna a aeronave invisível ao radar porque reflete a radiação emitida pelo radar em outras direções. Como o inimigo não vê o sinal refletido pela aeronave, ele não pode detectá-la.
“Podemos construir uma versão aumentada do avião T-50. Mas, nesse caso, aumentará sua resistência aerodinâmica e consumo de combustível e diminuirá sua autonomia de voo”, explicou a fonte consultada pelo “Izvéstia”.
Além disso, em um voo supersônico, o motor do avião deve receber uma grande quantidade de oxigênio. Para tanto, os tubos de admissão de ar devem ser largos e retos. Em aviões stealth, os tubos são feitos em forma de “S” para proteger as lâminas da turbina contra a radiação emitida pelo radar. Passando por esses tubos, o ar se torna rarefeito.
Para tornar a aeronave invisível em diapasão infravermelho, os motores são colocados no interior da fuselagem, como na aeronave subsônica americana B-2. Para voar a uma velocidade supersônica, o avião deve possuir uma elevada força de tração, que, por enquanto, só pode ser produzida por motores com tubeiras colocados fora da fuselagem, como no caso do Tu-160, Concorde e B-1.

 


Segundo a fonte, os militares concordaram com os argumentos dos projetistas. Agora, o centro Tupolev deve concluir os trabalhos em performance e especificações da nova aeronave e, no início de 2014, apresentar um orçamento dos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento. A previsão é que os novos bombardeiros comecem a ser produzidos em série em 2020.
Outros aspectos
Para o editor-chefe da revista Vzlet (A Decolagem), especializada em assuntos aeronáuticos, Andrêi Fomin, a versão subsônica foi escolhida porque é mais econômica e tem uma maior autonomia de voo e não porque é menos visível aos radares.
“Entre os fatores considerados durante a escolha do projeto a preferência foi dada à autonomia de voo, capacidade de carga e resistência e não só à invisibilidade ao radar.
Hoje em dia, a invisibilidade ao radar pode ser garantida não só por meio de uma forma especial, mas também por meio de um revestimento antirradar e equipamentos de interferência eletrônica”, explicou Fomin.
Segundo ele, é impossível construir uma aeronave completamente invisível aos radares, mas é possível reduzir a área da superfície refletora da aeronave.
“Se, sob determinado ângulo, alguns aviões de caça de quarta geração apresentam uma área da superfície refletora de 3 metros quadrados, os aviões de caça de quinta geração norte-americanos têm a superfície refletora reduzida para 0,3 metros quadrados. Nas gerações subsequentes de aeronaves, esse valor pode atingir alguns centésimos de um metro quadrado.
Essa meta não pode ser alcançada unicamente com um revestimento antirradar. Serão necessárias mudanças importantes na estrutura de aeronaves”, disse Fomin.
O especialista independente em aviação militar Anton Lavrov disse que o Ocidente já havia abandonado o conceito de aeronave supersônica como meio de romper a defesa antiaérea.
“Hoje em dia, a invisibilidade e autonomia de voo são vistas como critérios mais importantes para o rompimento da defesa antiaérea do que a velocidade. A Rússia não tem aliados confiáveis nem grandes bases aéreas no exterior, razão pela qual deve possuir aeronaves capazes de atingir, a partir de seu território nacional, alvos em diferentes regiões do mundo, por mais longe que eles fiquem”, disse Lavrov.
De acordo com o especialista, cabe à aviação de longo alcance e não à Marinha ser o “braço longo” da Rússia na defesa de seus interesses em diversas regiões do mundo.
O projeto de novo bombardeiro envolverá vários bilhões de dólares enquanto o número de bombardeiros estratégicos é limitado a algumas dezenas pelo Tratado Start russo-norte-americano (redução de armamentos estratégicos).
O novo bombardeiro levará não só mísseis nucleares, mas também mísseis de alta precisão com ogivas não-nucleares, bombas inteligentes e bombas de queda livre.

Fonte: Izvestia - Gazeta Russa - Via: CAVOK