A presidente da República, Dilma Rousseff, vai realizar a primeira
visita de Estado formal de um líder brasileiro aos Estados Unidos em
quase duas décadas, um marco diplomático para uma potência emergente que
já entrou em conflito com Washington mas está ansiosa por laços mais
próximos e reconhecimento de seu crescente prestígio.
A viagem ocorrerá daqui a alguns meses, provavelmente em outubro,
disseram autoridades à Reuters sob condição de anonimato porque a Casa
Branca ainda não anunciou a visita. Uma porta-voz da Casa Branca
recusou-se a comentar.
Uma visita de Estado, que inclui elaboradas formalidades como um
jantar formal e uma cerimônia militar no momento da chegada, é
geralmente reservada para os parceiros estratégicos mais próximos de
Washington.
"São ótimas notícias, há muito esperadas", disse o diretor do
Instituto Brasil do Wilson Center, em Washington, Paulo Sotero. "Mostra
que os Estados Unidos realmente valorizam a relação, que é o que o
Brasil mais quer ouvir".
A melhora nos laços diplomáticos provavelmente vai reacender
esperanças por um tratado amplamente desejado para evitar dupla taxação
sobre empresas norte-americanas e brasileiras, além da chance de maior
comércio entre as duas maiores economias do Hemisfério Ocidental.
O comércio bilateral totalizou cerca de 59 bilhões de dólares no ano
passado, mas a economia brasileira permanece relativamente fechada a
importações e sua população de 200 milhões é considerada um mercado de
grande crescimento potencial para companhias dos EUA.
A recepção de tapete vermelho também é uma grande vitória para Dilma,
uma líder de esquerda porém pragmática. Ela buscou relações mais
próximas com os EUA mas sentiu-se esnobada quando o presidente dos EUA,
Barack Obama, não a recebeu com uma cerimônia mais elaborada durante uma
visita à Casa Branca em abril de 2012.
As relações têm sido cordiais, porém marcadas por desacordos.
O Brasil tem se sentido frustrado pela aparente falta de apoio de
Washington em sua campanha por uma cadeira permanente no Conselho de
Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e outras demonstrações
de reconhecimento de sua crescente influência global após forte expansão
econômica na última década.
PROBLEMAS SOB LULA
O antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, irritou Washington
ao bloquear discussões sobre o comércio no continente e ao tentar
alcançar um acordo para dar fim a um impasse global sobre o programa
nuclear iraniano em 2010, último ano de sua Presidência.
Dilma, em contraste, tem evitado lidar com o Irã, dando mais ênfase a
direitos humanos nas relações estrangeiras brasileiras e também assumiu
uma distância relativa da Venezuela, antagonista mais vocal de
Washington na América latina.
Sotero disse que a visita de Obama a Brasília em março de 2011 marcou o início de um "recomeço" nas relações.
"Por um tempo, houve muito pouco diálogo", disse Sotero. "Essa
(visita de Estado) me dá mais otimismo de que nos afastamos
completamente disso".
Não está claro se Dilma será um parceiro mais entusiasmado em questões comerciais do que era Lula.
A recente desaceleração econômica no Brasil e o tensionamento dos
laços de Brasília com a Argentina, um importante parceiro econômico,
alimentaram especulações de que Dilma pode estar disposta a pressionar
por laços comerciais com os EUA ou a União Europeia.
No entanto, ela também implementou aumentos tarifários específicos
para proteger indústrias brasileiras do que ela chama de uma "guerra
cambial" travada por países ricos para depreciar suas moedas.
O último presidente brasileiro a fazer uma visita de Estado aos EUA foi Fernando Henrique Cardoso em 1995.
Fonte: Reuters (Reportagem adicional de Jeff Mason) - Via Terra
Nota: Nas últimas semanas vimos alguns movimentos convergindo para o fechamento do FX-2 a saber:
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