As negociações entre a Dassault e a Índia para a venda de 126 aviões
de combate Rafale tropeçam na produção local, em particular sobre a
montagem no país, segundo o The Indian Express desta sexta-feira, o que
foi confirmado por fontes aeronáuticas.
Segundo os termos deste contrato avaliado entre 12 e 20 bilhões de
dólares, as 18 primeiras aeronaves seriam construídas na França e as 108
restantes montadas na Índia pela Hindustan Aeronautics Limited (HAL),
um conglomerado de empresas públicas.
Mas segundo o The Indian Express, que cita fontes anônimas, a
Dassault Aviation rejeita qualquer responsabilidade nas 108 aeronaves
montadas pela HAL.
Segundo o jornal, a Dassault disse às autoridades indianas que Nova
Délhi precisará negociar dois contratos, um com a Dassault pelos 18
primeiros aviões, e o outro com a HAL pelos demais.
O ministério da Defesa "rejeita totalmente esta ideia e disse
claramente à Dassault que ela será a única responsável pela venda e
entrega do conjunto das 126 aeronaves", afirma o jornal The Indian
Express.
Um porta-voz da Dassault não quis fazer qualquer comentário à AFP. "A
Dassault não costuma comentar as negociações em andamento, seja (no
campo) civil ou militar", limitou-se a dizer.
Segundo o The Indian Express, a Dassault havia pedido para escolher o
nível de participação da HAL, mas a Índia decidiu em janeiro que a HAL
será a principal montadora e que continuará sendo.
Segundo fontes da indústria aeronáutica, a posição da Dassault é que
se a HAL for a mestre de obras, deve assumir a responsabilidade pela
qualidade dos aviões. No entanto, o grupo francês conseguiu fazer com
que um dos maiores grupos privados indianos, Reliance, participe do
acordo.
A HAL já fabrica sob licença aviões de treinamento britânicos Hawk,
caça-bombardeiros russos SU-30, helicópteros europeus e desenvolve um
avião com a Rússia.
Sócia da Dassault para modernizar os Mirage-2000 do exército indiano, também fabrica portas do Airbus A320.
Mas os opositores da HAL a criticam, afirmando que não tem os meios
para tornar suas ambições realidade e que costuma descumprir os prazos.
Industriais indianos, que pediram o anonimato, dizem que "uma decisão de
dez minutos pode levar dez meses" e que um só sindicato pode paralisar a
empresa.
O presidente da HAL, R.K. Tyagi, reconheceu recentemente que o
projeto Rafale apresenta "inúmeros desafios", entre eles o de
administrar melhor a transferência de tecnologia.
O grupo francês, que nunca exportou o Rafale, começou a negociar em
janeiro de 2012 com o governo indiano, em detrimento do Eurofighter
Typhoon, uma coprodução de BAE, EADS e do italiano Finmecanicca.
Fonte: EM
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