Gerar energia
utilizando apenas a força das ondas do mar deixou de ser apenas um sonho
e tornou-se realidade desde a noite do dia 24 de junho de 2012.
Considerado um projeto-piloto de baixo impacto ambiental, hoje a Usina de Ondas está em funcionamento, mas em testes, aqui no Ceará, especificamente localizado no quebra-mar do Porto do Pecém.
A
detentora do projeto é a Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de
Engenharia (COPPE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
financiado pela Tractebel Energia, dentro do programa de P&D da
Aneel, e conta com apoio do Governo do Estado do Ceará, tem um custo total estimado em R$ 18 milhões,
sendo R$ 1 milhão de contrapartida do Governo do Estado (em parceria
com a Universidade Federal do Ceará) e a cessão do espaço no Pecém.
A
usina é, sem dúvida, o ponto de partida para o aproveitamento dessa
riqueza que se renova e não polui. Para Sérgio Maes, que acompanha desde
o início o projeto pela Tractebel Energia, esse feito inédito faz com
que “nossa empresa escreva o primeiro capítulo desta fonte de energia renovável e sustentável no Brasil”.
O professor Segen Estefen, diretor de Tecnologia e Inovação da
COPPE/UFRJ, diz que o mar tem sido encarado pelos pesquisadores como uma
fronteira estratégica na qual o Brasil pode ser o líder tecnológico.
Infraestrutura
O
Governo do Estado do Ceará, através da Secretaria de Infraestrutura do
Ceará (Seinfra) foi responsável pelas obras de preparação da área de 200 metros quadrados no quebra-mar
do Terminal de Múltiplas Utilidades do Pecém (TMUT), com um
“engordamento” da área na parte leste do quebra-mar, que abriga hoje a
usina-piloto de produção de energia elétrica a partir das ondas do mar.
Com a potência nominal de 100 quilowatts,
a Usina de Ondas traz como principal inovação, em comparação com outras
usinas de ondas no mundo, a utilização de um acumulador e de uma câmara
hiperbárica para armazenar a água sob altas pressões, como as geradas
pelas quedas d´água das hidrelétricas e as existentes no fundo do mar.
Ou seja, o equivalente ao consumo de 60 casas
do padrão médio de consumo de energia elétrica no Estado e, mesmo em
fase de pesquisa gera energia suficiente para ser aproveitada pelas
instalações do Porto do Pecém. Mas já há planos de
ampliação da quantidade de braços mecânicos (hoje são dois) com boias,
que captam a energia do mar e a converte em eletricidade. Toda a
estrutura é feita em módulos, que podem ser acrescentados para aumentar a
potência. Basta colocar mais flutuadores. Hoje, o equipamento também
acopla um protótipo de uma usina de dessalinização de água do mar.
O Ceará
O litoral do Ceará não foi escolhido aleatoriamente. A assessoria da Tractebel Energia informa que a grande vantagem daqui é o vento alísio constante,
resultado da rotação da Terra. O movimento do ar gera ondas regulares
no mar brasileiro, que não são grandes, mas são constantes. E é isso que
torna o protótipo eficiente.
No Brasil, o potencial energético das ondas é estimado, segundo a COPPE, em 87 gigawatts.
Testes já feitos indicam que é possível converter cerca de 20% desse
potencial em energia elétrica, o que equivale a cerca de 17% da
capacidade total instalada no País.
Cronologia
O projeto foi anunciado no final de 2009 e teve a autorização ambiental da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) em fevereiro de 2010.
A primeira estimativa divulgada para o início da geração de energia do empreendimento foi em dezembro de 2010, mas após um problema com a bomba d’água em um dos seus braços, foi-se anunciado o funcionamento para janeiro de 2011.
Seu funcionamento se deu em 24 de junho de 2012,
quando foi gerada, pela primeira vez, energia por meio das ondas do
mar. A usina de ondas está num período de testes que deve durar de 12 a 18 meses.
Vantagens
Baixo impacto ambiental, pois se trata de uma fonte limpa de energia e não necessita represar a água.
Usinas no Mundo
No mundo existem entre 15 e 20 protótipos de usinas para geração de energia elétrica, a partir do movimento das ondas do mar, especialmente em países europeus como Dinamarca, Portugal e Reino Unido.
Fonte: Tribuna do Ceará
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