O surgimento de um novo tipo de gripe aviária na China representa uma
ameaça séria à saúde humana, mas ainda é cedo para prever se a doença
poderá se espalhar em escala global, afirmam especialistas ouvidos pela
BBC.
Desde
março, quando o vírus H7N9 foi identificado, 126 pessoas foram
contaminadas. Entre elas, 24 morreram e outras dezenas estão internadas
em estado crítico.
Pesquisadores dizem estar monitorando de
perto o ritmo e a seriedade da epidemia, mas esclarecem que até agora
não há evidências de que o H7N9 pode ser transmitido entre humanos,
levando a uma possível pandemia.
Pesquisas recentes sugerem que,
para que isto ocorra, é necessário que o vírus sofra entre quatro e
cinco mutações, mudando de um organismo hospedado por aves para um que
se espalhe facilmente pelo ar.
"Até agora as pessoas que foram
contaminadas tiveram contato direto com aves, provavelmente frangos
comprados em um mercado chinês", afirma a pesquisadora Wendy Barclay,
do Imperial College London.
"Mas o que nos preocupa é saber que o
vírus H7N9 já sofreu ao menos duas mutações, ficando mais perto de se
tornar um vírus que pode se espalhar pelo contato humano", alerta
Barclay.
O professor John McCauley, diretor de um centro de
saúde que colabora com a Organização Mundial de Saúde (OMS), diz que a
organização está levando a ameaça da nova gripe a sério.
Ele diz
que entre os sintomas da doença estão pneumonia, envenenamento do
sangue – caracterizado pela presença de bactérias na corrente sanguínea
– e falência dos órgãos.
A última gripe aviária, causada pelo vírus H5N1, se espalhou rapidamente para humanos em 1997 e já matou mais de 300 pessoas.
O
professor Jeremy Farrar, especialista em gripe aviária e diretor de
uma das maiores fundações de pesquisa no mundo, a Wellcome Trust, disse
que o H7N9 deve ser tratado com atenção.
"Se um vírus influenza pula de seu habitat natural (aves) para humanos, é razão para preocupação".
Em
casos de gripe aviária, geralmente as pessoas mais velhas não contraem
o vírus porque seu sistema imunológico criou mecanismos de defesa
contra vírus semelhantes ao longo da vida.
No entanto, na epidemia mais recente, as idades das pessoas afetadas variam entre dois e 81 anos.
"Isso
sugere que não há imunidade em nenhuma faixa etária e que, como
humanos, nunca vimos este vírus antes", afirma o professor.
"A resposta tem de ser calma e calculada, mas ao mesmo tempo firme", diz Farrar.
Estudo publicado na revista médica britânica Lancet
sugere que o vírus influenza H7N9 é uma mistura de pelo menos quatro
vírus provenientes de patos e frangos.
Diferentemente
da epidemia do H5N1, o novo vírus não é letal para as aves, o que
torna mais difícil rastrear a extensão da epidemia.
Fonte: BBC - Diário de Pernambuco
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