Completa um ano nesta quarta-feira (8) o acidente com o helicóptero da Polícia Civil de Goiás que matou oito pessoas, em Piranhas, região sudoeste do estado. As vítimas foram cinco delegados e dois peritos, além do principal suspeito da chacina ocorrida no dia 29 de abril, e que deixou sete mortos em uma fazenda de Doverlândia.  Eles foram até a região fazer a segunda parte da reconstituição do crime.
As oito pessoas que morreram na tragédia são os delegados Osvalmir Carrasco e Bruno Rosa Carneiro - os dois estavam pilotando o helicóptero - Antônio Gonçalves, Vinícius Batista Silva e Jorge Moreira; os peritos Marcel de Paula Oliveira e Fabiano de Paula Silva; e também o principal suspeito da chacina em Doverlândia, Aparecido de Souza Alves.
Um culto ecumênico foi realizado nesta terça-feira (7) no auditório da Secretária de Segurança Pública de Goiás. Amigos, familiares e ex-colegas das vítimas compareceram e assistiram a um vídeo feito sobre os delegados e peritos que morreram no acidente.
Dor continua
Um ano após a tragédia, familiares dos mortos ainda sentem a dor da perda. Esposa do delegado Osvalmir Carrasco, a funcionária pública Giselle Candida Oliveira mantém até hoje todos os pertences do marido no mesmo lugar da casa. "A sensação é de que ele ainda vai chegar e encontrar tudo como deixou", diz.
Ela lembra que o esposo ligou para ela momentos antes da decolagem. "Ele me disse que os peritos já haviam terminado o serviço. Minutos depois, via a notícia na televisão", recorda.
Para Giselle, o momento mais difícil foi ter que levar a filha, na época com dois anos, para ver o pai dentro da "caixinha", como a criança falava.

Mulher do delegado Antônio Gonçalves, que na época era superintendente da Polícia Judiciária de Goiás, a aposentada Marizete Gonçalves ficou traumatizada após o acidente. "Às vezes, quando um helicóptero da passa baixinho, coloco as mãos no ouvido. Fiquei com trauma do barulho do helicóptero", confessa.
Marizete também não se desfez de nenhum dos objetos pessoais do marido. Tudo está em casa da mesma forma do dia em que ele saiu.
"Parece que não caiu a minha ficha até hoje. O fato de eu estar sem ele e da forma que aconteceu [o acidente] foi muito triste", diz.
Sentimentos diferentes
Quando a tragédia aconteceu, Adriana Accorsi era a delegada geral da Polícia Civil. Ela iria viajar, mas desistiu um dia antes. Havia uma possibilidade de greve dos policiais em Goiânia, e Adriana decidiu ficar.
"Ao mesmo tempo em que a gente fica feliz pela nossa família, por não ter ido, a gente tem o sentimento de tristeza por ter perdido amigos", destaca.
A delegada afirma que o acidente marcou muito porque os colegas morreram buscando a verdade em um caso emblemático. "Foram pessoas que eu chamei para fazer parte da minha equipe. Isso fica o tempo todo na minha mente".
Dentre os mortos, Adriana recorda todos com carinho, mas em especial de Jorge Moreira, tido como um dos mais experientes investigadores da Polícia Civil.
"Ele foi no meu lugar porque sei que poderia ajudar muito na investigação. Ele entendia muito do assunto", lamenta.
Chacina
A chacina de Doverlândia aconteceu no dia 28 de abril de 2012. Sete pessoas foram degoladas em uma fazenda a 46 km de Doverlândia, no sul de Goiás.
Dois dias depois, Aparecido de Souza Alves foi preso suspeito do crime. Ele confessou ter matado todas as vítimas para pegar um dinheiro que estaria na propriedade. "No momento, só pensei no dinheiro. Fui totalmente estúpido", disse ele na época do crime.

Fonte: G1