A Iveco inaugurou nesta quinta-feira (13) a primeira fábrica de veículos
blindados militares sobre rodas do país, de olho em esforços do governo
para incentivar uma retomada da indústria bélica nacional, que passou
por forte declínio no final dos anos de 1980.
A fábrica, construída no complexo industrial da Iveco em Sete Lagoas
(MG) onde a italiana já produz caminhões, foi inaugurada com capacidade
para cerca de 120 veículos por ano, que poderá ser ampliada para 200
unidades anuais se a companhia conseguir fechar novos contratos com
forças militares de outros países.
A unidade produz o blindado Guarani, desenvolvido em parceria com o
Exército do Brasil. O veículo de seis rodas substituirá o Urutu, modelo
também de seis rodas que era fabricado pela brasileira Engesa antes do
colapso da companhia em 1993.
A Iveco, unidade da Fiat Industrial, atualmente está em negociações
avançadas para a venda de lote de 14 Guaranis para o Exército da
Argentina. O fechamento dos contratos depende da adoção em definitivo do
veículo pelo exército brasileiro, algo que deve ocorrer entre setembro e
outubro.
"O Exército argentino está pronto para fechar o negócio", disse o
diretor geral da divisão de veículos especiais para América Latina da
Fiat Industrial, Paolo Del Noce. "O valor será o mesmo do acertado no
Brasil, cada veículo tem preço de R$ 2,6 milhões", acrescentou.
Segundo ele, a fábrica da Iveco em Sete Lagoas é a única da Iveco a
produzir blindados militares de seis rodas no mundo e a intenção da
companhia é tornar a unidade um polo exportador.
Além da Argentina, a Iveco também está conversando com governos do Chile e Colômbia e na África com Senegal e Angola.
"Angola e Senegal mostraram interesse e acho que vamos fazer novos
encontros com eles, creio que ainda neste ano", disse o executivo.
A construção da fábrica, em que a Iveco investiu R$ 55 milhões, foi
possível depois que a empresa acertou uma parceria com o Exército
brasileiro em 2007 que culminou com pedido de 100 unidades anuais do
Guarani com entregas previstas para os próximos 20 anos, num dos maiores
contratos já obtidos pela Iveco no segmento militar. Um primeiro lote
de 86 unidades deve ser entregue até março de 2014.
"Todos os países da América Latina estão se equipando e modernizando
como o Brasil está fazendo. Uma potência econômica e industrial como o
Brasil é claro que não quer ter momentos de confronto com outros países,
mas tem que se preparar para se proteger. Além disso, tem também
eventuais necessidades em operações de paz", disse o executivo.
Além do Guarani, a Iveco avalia possibilidade de começar a produzir
também o caminhão militar Trakker e o jipe militar LMV em Sete Lagoas.
Segundo Noce, o LMV e o Trakker estão sendo testados pelo Exército
brasileiro no Rio de Janeiro.
"São dois veículos que consideramos interessantes para o Exército
brasileiro e para a América Latina também. Se os testes forem bem
sucedidos vamos ver se há possibilidade de vender e, nesse caso, vamos
produzir aqui", afirmou.
Fonte: Folha
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