O governo da França pediu neste domingo explicações às
autoridades dos Estados Unidos ante as denúncias de espionagem em
diversas instituições europeias divulgadas pela imprensa alemã, anunciou
o ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius.
"Estes fatos, caso sejam confirmados, serão totalmente
inaceitáveis", indicou Fabius em um comunicado, com relação às denúncias
de espionagem americana à União Europeia (UE). A própria UE e o governo
da Alemanha já se manifestaram e pediram explicações às autoridades de
Washington.
A revista alemã Der Spiegel afirma que a UE era um dos
"objetivos" da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana, acusada de
espionar as comunicações eletrônicas em todo o mundo com o programa
PRISM. A publicação sustenta as acusações com documentos confidenciais a
que teve acesso graças às revelações do ex-consultor americano, Edward
Snowden, procurado pela justiça de seu país por revelar informações
sobre o programa.
"Entramos em contato imediatamente com as autoridades
americanas em Washington e em Bruxelas, apresentamos as informações da
imprensa. Nos disseram que estavam verificando a exatidão das
informações publicadas e que entrariam em contato", afirmou a Comissão
Europeia em um comunicado.
Em um dos documentos, com data de setembro de 2010 e
considerado "estritamente confidencial", a NSA descreve como espionou a
representação diplomática da UE em Washington. Para executar as
atividades de espionagem, microfones teriam sido instalados no edifício e
a agência teria entrado na rede de informática, o que permitia a
leitura dos e-mails e documentos internos.
Desta maneira também foi vigiada a representação da UE
na ONU, segundo os documentos, nos quais os europeus são classificados
de "objetivos a atacar".
A NSA chegou a ampliar as operações até Bruxelas. "Há
mais de cinco anos", afirma a Der Spiegel, os especialistas em segurança
da UE descobriram um sistema de escuta na rede telefônica e de internet
do edifício Justus-Lipsius, sede principal do Conselho da UE, que
alcançava até o quartel-general da Otan na região de Bruxelas.
Em 2003, a UE confirmou a descoberta de um sistema de
escutas telefônicas nos escritórios de vários países, incluindo Espanha,
França, Alemanha, Grã-Bretanha, Áustria e Itália.
No sábado, o presidente do Parlamento Europeu, Martin
Schulz, se mostrou "profundamente preocupado e impactado com as
acusações de espionagem das autoridades americanas nos escritórios da
UE". Ele disse que se as acusações forem comprovadas, isto prejudicaria
consideravelmente as relações entre UE e Estados Unidos. Schulz pediu
"um esclarecimento completo e informações adicionais rápidas" das
autoridades americanas.
De acordo com a Der Spiegel, Washington tomou como alvos
os escritórios da UE em Bruxelas e nos Estados Unidos. A representação
da UE na ONU também foi objeto de uma vigilância similar, segundo a
revista.
A ministra da Justiça da Alemanha, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, cobrou uma explicação imediata.
"A parte americana deve explicar imediata e
exaustivamente se as informações da imprensa sobre medidas totalmente
desproporcionais de interceptação por parte dos Estados Unidos na UE são
exatas ou não", disse. "Não podemos conceber que nossos amigos nos
Estados Unidos possam considerar os europeus como inimigos", completou.
"Se as informações dos meios de comunicação estiverem
corretas, isto recorda as ações entre inimigos durante a Guerra Fria",
disse.
O conselheiro adjunto de Segurança Nacional dos Estados
Unidos, Ben Rhodes, se limitou a afirmar na África do Sul, onde
acompanha o presidente Barack Obama, que os europeus estão "entre os
aliados mais próximos" dos Estados Unidos na área de inteligência.
Fonte: Terra
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