Em 13 de setembro, numa coletiva de imprensa após uma visita de quatro dias de uma delegação do Comitê para a Defesa e da Cooperação Militar do Senado do Paquistão a Cabul, seu presidente, Mushahid Hussain Sayed, declarou que os Estados Unidos e seus aliados planejam deixar no Afeganistão aproximadamente 20 mil militares em nove bases em diferentes regiões do país. Em suas palavras, o receptivo acordo entre Cabul e Washington será assinado nos próximos dois meses.

Este número não surpreendeu peritos. Em sua opinião, uma quantidade menor de militares não permitiria simplesmente concluir os programas de transferência da responsabilidade pela segurança do país às suas Forças Armadas e à polícia.
Entretanto, ao que tudo indica, estas estruturas afegãs não serão deixadas sem cobertura. O senador fez lembrar à opinião pública mais um detalhe importante – para além de militares, “no país, segundo os dados de fontes informados, ficarão mais de 100 mil agentes contratados americanos tanto na esfera da garantia da segurança, como nas áreas afins no Afeganistão e no Paquistão”. “Este pessoal não será sujeito à redução das tropas da OTAN”.
Ainda em maio, o jornal Fiscal Times citou números mais exatos. Em conformidade com o último censo da Professional Overseas Contractors, naquele momento, trabalharam no Afeganistão 110.404 pessoas contratadas, inclusive 33.444 cidadãos americanos. Os restantes foram afegãos e cidadãos de outros países. O jornal escrevia que “a esmagadora maioria de pessoas foi ocupada em companhias de guarda privadas que trabalham para o Departamento de Estado de Proteção de Diplomatas. Portanto, estas pessoas são armadas para matar em nome do governo dos EUA”.
Após a retirada das tropas, estas pessoas irão responder pela preparação das Forças Armadas e da polícia do Afeganistão, pela construção de infraestruturas e a realização de projetos de desenvolvimento e de proteção de cidadãos neles envolvidos. De acordo com as condições do acordo afegão-americano de parceria estratégica, assinado em verão do ano passado, uma parte insignificante de tropas americanas ficará no país para 2024. A maior parte dos serviços, efetuados hoje por militares, será concluída por empreiteiros. “Este será de fato um Exército e de fato uma presença militar”, disse ao Fiscal Times uma analista para a política externa do Instituto Cato, Malou Innocent.
Mas tal “Exército” será um pouco diferente. Em situações críticas, pessoas contratadas por empresas privadas são muito menos limitadas em suas ações em comparação com militares profissionais. Levando em conta que a maioria de ataques a objetos e colunas de transporte são efetuados por pequenos grupos, agentes contratos são capazes de repelir eficazmente incursões sem pensar sobre as regras de uso de armas em vigor. Neste caso, todas as eventuais consequências são também consideradas como “casos particulares”. Por outro lado, como mostra a experiência, agentes contratados têm, regra geral, boas relações com a clandestinidade local, o que reduz ao mínimo riscos e confrontos armados.
Por mais estranho que pareça, agentes contratos custam menos para o orçamento. As despesas ligadas a seu alojamento e abastecimento dizem respeito naturalmente à direção de companhias. Igualmente, o Estado não assume compromissos no caso de sua morte ou ferimentos. Quando o Pentágono foi acusado recentemente de desconhecer assuntos concretos de suas empresas empreiteiras no Afeganistão, personalidades oficiais responderam tranquilamente que o departamento militar coloca “tarefas estratégicas”, pelo cujo cumprimento respondem executores privados.
Segundo os dados do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (Center for Strategic and International Studies), em 2011 o Ministério da Defesa dos EUA gastou 375 bilhões de dólares para contratos em comparação com 163 bilhões de dólares em 2000. Pelo visto, a subcontratação torna-se popular em guerra.