Tudo não passou de um "acidente", depois dos rebeldes terem manipulado de forma errada armas que receberam da Arábia Saudita

Na sexta-feira, o governo dos EUA tinha já divulgado uma versão do relatório de avaliação dos seus serviços secretos que concluía afirmando com "grande confiança" que o regime sírio foi responsável pelos ataques com gás. Entretanto, ontem, uma correspondente da Associated Press, Dale Gavlak, afirmou que o ataque com agentes químicos nos subúrbios de Damasco foi obra dos rebeldes. A jornalista cita fontes rebeldes revelando que as armas químicas, recebidas da Arábia Saudita, terão explodido depois de serem mal manuseadas.
Segundo a correspondente da agência de notícias norte-americana, das múltiplas entrevistas que realizou nos últimos dias com residentes e rebeldes num dos bairros atingidos pelo ataque do passado dia 21, Ghouta, além de outras zonas de Damasco, retira-se a surpreendente - e incómoda, para a administração Obama - conclusão de que as armas químicas, que no mês passado mataram milhares de pessoas, estavam, afinal, nas mãos dos combatentes rebeldes e foram-lhes entregues pela Arábia Saudita.
No conflito que se prolonga há dois anos e meio, este país tem sido a principal fonte de financiamento e entrega de armas aos rebeldes sírios, através dos seus serviços secretos.
No campo da diplomacia, sobe a escalada entre Rússia e EUA, a mais que provável intervenção norte-americana irá dominar a cimeira do G20, passando para segundo plano outras questões, incluindo a crise no Egito, este oferece a Vladimir Putin, presidente russo e anfitrião da cúpula, uma oportunidade de enfrentar Obama num palco ideal. No sábado, o líder russo não perdeu tempo com rodeios e desafiou a tese dos serviços secretos norte-americanos. "Numa altura em que o exército sírio está em clara vantagem na sua posição ofensiva, afirmar que foi o governo sírio a recorrer a armas químicas é completamente absurdo." Putin disse ainda que "gostaria de interpelar Obama enquanto Prémio Nobel da Paz: antes que use da força na Síria, seria bom pensar nas futuras vítimas que irá provocar."

Do Ionline