Novos documentos da Agência de Segurança Nacional dos
Estados Unidos (NSA) vazados pelo ex-analista da agência Edward Snowden
indicam que a Petrobras também teria sido espionada pelos americanos.
A informação vem uma semana após notícias de que a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, teria sido espionada pela agência.
O teor dos documentos sobre a Petrobras foi revelado em reportagem do programa Fantástico, da TV Globo.
Segundo a reportagem, a tecnologia envolvendo a
exploração em alta profundidade na camada pré-sal poderia ter sido o
alvo da espionagem. Consultada, a Petrobras disse que não fará
comentários.
O nome da Petrobras aparece em um documento usado em um treinamento de agentes da NSA, sempre segundo a reportagem.
O documento treina os agentes a como acessar a
rede privadas de instituições variadas como Petrobras, o ministério das
Relações Exteriores da França, o Google e a rede Swift, que reúne vários
bancos.
Os papeis foram consultados pelo jornalista
americano Glenn Greenwald, autor das reportagens divulgando o escândalo
da NSA desde maio.
Greenwald diz que “ninguém tem dúvidas que os
Estados Unidos têm direito de fazer espionagem para proteger a segurança
nacional”. Mas critica a espionagem de indivíduos e empresas que não
“não tem nada com terrorismo”.
A reportagem revela ainda que os Estados Unidos agem com a
colaboração da inteligência do Reino Unido, do Canadá, da Austrália e da
Nova Zelândia.
O treinamento explica como desviar dados de redes privadas durante a transmissão das informações.
O interesse dos americanos seria a tecnologia
envolvendo a exploração em águas profundas da camada pré-sal. O governo
prepara paras as próximas semanas o leilão do mega campo de Libra.
Segundo a reportagem, não se sabe se os dados da Petrobras foram realmente vasculhados e qual é o alcance da espionagem.
Choque diplomático
No último domingo, outra reportagem mostrou que a presidente Dilma
Rousseff e seus principais assessores também foram monitorados pela
agência. A revelação teve reação imediata em Brasília.
O presidente do México, Enrique Peña Nieto, também foi alvo de espionagem, segundo os documentos.
O governo convocou o embaixador americano,
Thomas Shannon, a prestar explicações na segunda-feira. Dilma ameaçou
cancelar sua ida aos Estados Unidos no próximo mês de outubro.
A visita de Estado (a única a ser organizada
pela Casa Branca neste ano) era vista como uma oportunidade para
reaproximar Brasil e Estados Unidos, cuja relação teve momentos de
estremecimento nos últimos anos.
Dilma tratou do tema diretamente com Barack
Obama na sexta-feira, durante o encontro do G20 (grupo das 20 maiores
economias do mundo) em São Petersburgo, na Rússia.
"Eles vão me informar o tamanho do rombo", disse
Dilma. "Quero saber tudo o que há sobre o Brasil. Acho complicado ficar
sabendo dessas coisas pelos jornais."
Obama pediu até quarta-feira para apresentar explicações ao governo brasileiro, segundo Dilma.
O presidente americano disse levar as alegações
de espionagem "muito a sério", que vai trabalhar com os governos de
Brasil e México para "resolver essa fonte de tensão" e que considera
"dar um passo atrás e rever" o trabalho dos serviços de inteligência dos
EUA.
Caso Snowden
A espionagem envolvendo a Petrobras é o mais
novo capítulo do caso que envolve os documentos secretos vazados em maio
deste ano pelo antigo analista da NSA, Edward Snowden.
Os documentos mostram que a inteligência
americana monitora mensagens de e-mail, skype e todo tipo de informação
trocada em redes sociais e na internet, invadindo a privacidade e
ferindo liberdades individuais de cidadãos em todo o mundo.
As revelações causaram mal estar diplomático em
capitais de países aliados aos Estados Unidos. Os documentos foram
vazados por Snowden ao repórter do jornal britânico The Guardian, Glen Greenwald.
O primeiro atrito com o governo brasileiro se
deu quando o companheiro de Greenwald, David Miranda, ficou detido por
nove horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, com base em uma lei
antiterror.
Segundo a polícia britânica, Miranda transportava outros documentos secretos.
Snowden está atualmente asilado na Rússia. Ele
passou mais de um mês na área de trânsito do aeroporto de Moscou,
enquanto as autoridades americanas tentavam prendê-lo.
Da BBC
0 Comentários