A decisão da França de se alinhar aos Estados Unidos para uma intervenção militar contra o regime sírio ganhou as manchetes dos principais jornais franceses deste sábado, 31 de agosto. A imprensa questiona se o país deve mesmo participar da operação.
França-Estados Unidos, eixo da guerra, escreve o Libération
em título. Apesar da deserção do governo britânico, Paris e Washington
estão decididos a atingir o regime de Bashar-Al Assad, afirma o jornal.
Os primeiros ataques podem até acontecer durante este final de semana,
sugere Libération, lembrando que Londres não vai participar de uma operação que também é contestada pela opinião pública.
Em editorial, o Libé diz que não há uma boa solução para
resolver o conflito na Síria e toda a comunidade internacional tem
responsabilidade para por fim à carnificina do regime. O jornal alerta o
governo francês de que é preciso tomar cuidado para não cometer excesso
em uma eventual operação militar e é preciso planejar também o passo
seguinte aos ataques.
O Le Figaro afirma que Hollande é o único aliado europeu do
presidente Barack Obama. Mesmo com o "não" dos britânicos, o chefe de
estado francês confirmou a intenção de integrar a intervenção punitiva
contra o regime sírio ao lado das forças americanas.
Em editorial, Le Figaro defende que a França não tem nada
que intervir na Síria, nem para punir o regime de Bashar Al-Assad, nem
para evitar que os Estados Unidos o façam sozinhos. Segundo o jornal, o
debate no parlamento britânico que impediu qualquer ataque mitiar do
país contra a Síria deveria servir para muitos países refletirem melhor
sobre uma operação militar contra o regime.
A melhor resposta da França contra o massacre de 21 de agosto é ser
mais coerente com sua política sobre o país, avalia o jornal
conservador.
O Le Monde dedica sua manchete às provas apresentadas pelo
governo americano para justificar uma intervenção militar na Síria. A
reportagem conta em detalhes a apresentação do secretário de estado John
Kerry que preferiu um relatório de 4 páginas ao invés de mostrar algum
tipo de objeto, como fez Colin Powell para justificar a guerra contra o
Iraque, em 2003. A certeza de Washington de que o regime usou armas
químicas abre o caminho para represálias militares, escreve Le Monde.
Sobre o papel da França em eventuais ataques, o jornal lembra que o
dispositivo militar francês se encontra na região desde a última
quinta-feira. Um especialista ouvido pelo jornal afirmou que para a ação
da França ser visível nesta operação, será preciso negociar com
americanos ataques em alvos bem simbólicos.
Do RFI
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