Os serviços franceses de inteligência têm provas de que o regime sírio de Bashar al Assad possui mil toneladas de armas químicas e agentes tóxicos entre gás sarin, mostarda e VX, e que utilizou esse tipo de arsenal no dia 21 de agosto, publicou neste domingo o Le Journal du Dimanche.
As quatro páginas de documentos classificados franceses que provam que Damasco possui "uma das maiores reservas operativas do mundo" serão divulgadas nos próximos dias, afirmou a publicação, que antecipou alguns detalhes de seu conteúdo.
O jornal, que mostra na capa uma fotografia do Centro de Estudos de Pesquisas Científicas de Barzah (sul da Síria), onde supostamente Damasco desenvolve a maior parte desse arsenal, revela também o armamento sírio capaz de carregar os agentes químicos e tóxicos.
São os mísseis Scud C e Scud B, com alcance entre 300 e 500 km, respectivamente, assim como mísseis M600 e SS-21, bombas aéreas capazes de transportar entre 100 e 300 litros de gás sarin e foguetes de artilharia para lançar os agentes químicos (sarin, mostarda e VX, o mais mortífero de todos eles) a 50 km de distância.
As informações obtidas pela Direção Geral da Segurança Exterior (DGSE) e a Direção de Inteligência Militar (DRM) francesas indicam que o regime de Damasco utilizou esse tipo de armas no dia 21 de agosto em um subúrbio da capital.
"Para nós, está claro que no dia 21 de agosto o regime sírio decidiu mudar de escala", afirmou ao "Le Journal du Dimanche um oficial francês que não revelou seu nome e que não detalhou se, segundo Paris, Damasco pretendia ganhar posições militares sobre os insurgentes ou responder à tentativa de atentado dos rebeldes contra Assad.
As armas químicas supostamente utilizadas nesse ataque foram lançadas com foguetes Grad, que foram seguidos por "múltiplos ataques de artilharia" a partir do dia seguinte para "apagar o máximo de provas", sempre segundo as fontes do jornal citado.
O relatório resume "milhares de horas de trabalho" dos serviços secretos franceses durante mais de 25 anos e informações adquiridas por meio da espionagem de outros países aliados da França e de "vários comandantes que desertaram do regime sírio", acrescentou o Journal du Dimanche.
Segundo esses documentos, a Síria começou a produzir armas químicas sob o comando de Hafez al Assad, pai de Bashar, e com a ajuda da Rússia.
Mais adiante, a produção passou a ser "100%" síria e ficou a cargo de uma unidade de 450 agentes alauitas, comunidade síria da qual pertence Bashar al Assad, garantiu a publicação.
"Bashar al Assad e certos membros de seu clã seriam os únicos" autorizados a dar ordens para a unidade militar responsável pelo armamento químico, acrescentou o jornal, que não estabeleceu por que Damasco teria decidido lançar um ataque químico no dia 21 de agosto.
Ao divulgar essa informação, segundo o "Le Journal du Dimanche", a França procura "convencer a opinião pública francesa e internacional que a França está disposta a punir um crime" que viola as leis internacionais sobre esse tipo de armamento.
O tratado internacional conhecido como Convenção sobre Armas Químicas de 1993 — assinado por 189 países, mas não pela Síria, nem pela Coreia do Norte — proíbe a produção e o armazenamento desse tipo de armamento, lembrou a publicação francesa.


Do R7