Cerca de 400 funcionários da Avibras, tradicional indústria bélica com sedes em São José dos Campos e Lorena, estão sem receber salários desde maio desse ano, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos. Os empregados também acusam a empresa de não pagar benefícios, entre eles o fundo de garantia. Essa é a terceira crise financeira enfrentada pela Avibras em menos de cinco anos.
Na semana passada representantes do sindicato se reuniram com os diretores da empresa, que teriam se comprometido a quitar parte da dívida no dia 28 de agosto e o restante até o dia 10 de setembro, mas segundo os representantes da categoria, o acordo não foi cumprido. Em um comunicado aos funcionários, a Avibras afirmou que o salário de maio não poderia ser quitado até o dia 28 de agosto e que fará 'a quitação de salários de maio, julho e agosto após o recebimento do sinal de um contrato de exportação', uma negociação que a empresa espera fechar até setembro.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos a maior parte dos trabalhadores que estão sem receber salário está na unidade que fica próxima à rodovia dos Tamoios, em São José dos Campos. O sindicato quer agora cobrar um posicionamento do governo federal para que esse problema seja resolvido. "O governo tem hoje, 10% da Avibras. Então, nós entendemos que o governo tem que fazer o pagamento dos trabalhadores", afirmou Adilson dos Santos, do Sindicato dos Metalúrgicos.
Crises
A Avibras é uma indústria bélica, que teve o auge da produção na década de 1980. Nos últimos cinco anos, essa é a terceira vez que a fábrica enfrenta problemas financeiros. Em 2008, a empresa chegou a anunciar uma dívida de R$ 500 milhões e demitiu 350 funcionários. Três anos depois, 170 pessoas foram desligadas.

Elias Osses não recebe salário há quatro meses e está preocupado. “Eu pago aluguel. O aluguel eu ainda consigo manter e não atrasar, mas as contas atrasando está virando uma bola de neve. Funcionários de cargos importantes estão passando necessidades básicas. Trabalho há muito tempo lá, já passamos por situações até piores, mas você sentia da empresa um respeito com os funcionários, que ela sempre se preocupava em pagar primeiro os funcionários, hoje não. Fizeram contratações, estão fazendo obras e deixando o salário do pessoal para trás”, reclamou.
Pedro Henrique Castro foi um dos demitidos na crise de 2011 e meses depois foi recontratado. Ele teme passar por isso de novo, mas ainda tem esperança de que a situação melhore. “Não estou podendo reclamar muito, porque meu pagamento está em dia. Muitos ali têm esperanças que a empresa vai ter um posicionamento de fechar um contrato, de acontecer uma coisa boa, para que todo mundo possa ficar mais tranquilo”, disse.
Outro lado
Procurada, a diretoria da Avibras não quis falar sobre o assunto.
Já o Ministério da Defesa informou que a empresa é acionista majoritária e, por isso, responsável pelo pagamento dos empregados. O ministério disse ainda que como o governo federal não recebeu nenhum comunicado oficial, não vai se manifestar.


Do G1