A força do sismo que abalou na terça-feira  a região sudoeste do Paquistão fez aparecer uma nova ilha no mar Arábico,  a várias centenas de quilómetros do epicentro do terramoto, fenómeno que  surpreendeu habitantes e cientistas. 

O sismo de magnitude 7,8 na escala de Richter fez mais de 250 mortos  e cerca de 400 feridos, segundo o balanço mais recente das autoridades paquistanesas.  Este sismo é um dos mais mortíferos da última década no país. 
"Não é uma coisa pequena, mas sim uma coisa imensa que emergiu da água",  relatou Muhammad Rustam, um habitante de Gwadar, um porto estratégico localizado  a cerca de 400 quilómetros a sul do epicentro do sismo que afetou a província  paquistanesa de Baloutchistan. 
Após o terramoto, os habitantes de Gwadar viram surgir, a 600 metros  da costa, uma grande extensão de terra com cerca de 20 metros de altura,  40 metros de comprimento e 100 metros de largura, de acordo com os dados  citados pela agência noticiosa France Press. 
"É verdadeiramente muito estranho e um pouco assustador ver de repente  uma coisa a surgir da água", disse Rustam.  


O sismo que abalou a 24 de Setembro a região sudoeste do Paquistão fez aparecer uma nova ilha no mar Arábico
 
A nova ilha suscitou a curiosidade dos pescadores locais, que foram  observar de perto o local, bem como de vários fotógrafos amadores. 
Uma equipa do Instituto paquistanês de Oceanografia também se deslocou  ao local, tendo verificado uma forte concentração de metano (gás incolor  e inodoro). 
"A equipa descobriu na superfície da ilha bolhas de natureza inflamável",  disse, citado pela France Press, Mohammad Danish, um investigador do instituto  público paquistanês. 
Para Gary Gibson, sismólogo da Universidade de Melbourne, Austrália,  o aparecimento desta ilha a várias centenas de quilómetros do epicentro  do sismo é "muito curioso". 
"Este tipo de fenómeno já tinha acontecido no passado nesta região,  é um acontecimento incomum, muito raro, mas nunca tinha ouvido falar com  estes contornos", explicou o perito australiano, numa referência à distância  do epicentro. 
Esta extensão de terra poderá ser encarada como um "vulcão de lodo",  um monte de matérias que foram empurradas até à superfície com a pressão  do gás metano durante o sismo, admitiu o especialista. 
Os sismos de grande magnitude estão normalmente associados a este tipo  de fenómeno. 
Em março de 2011, o sismo de magnitude 9,0 que devastou o Japão, e que  originou um violento tsunami, fez deslocar o eixo da Terra em 17 centímetros,  o que significou que a rotação da Terra acelerou 1,8 microsegundos. Na altura,  a principal ilha do Japão deslocou-se em 2,5 metros com a força do abalo.
Também em finais de fevereiro de 2010, o terramoto do Chile, com uma  magnitude de 8,8, provocou uma mudança de oito centímetros no eixo da Terra.
 
Da Lusa - Via SIC