O museu do Holocausto de Jerusalém declarou, pela primeira vez, "justo
entre as nações" um cidadão árabe, um médico que ajudou a salvar judeus
durante o regime nazi de Adolf Hitler, informou hoje a entidade em
comunicado.
Mohamed Helmy era um médico egípcio que viveu em Berlim durante a
Segunda Guerra Mundial e que, com a ajuda de uma mulher alemã que também
recebeu o mesmo título, ajudou a salvar uma família judaica do
Holocausto.
Nasceu em Cartum em 1901 e morreu em Berlim em 1982 e é o primeiro árabe
a receber o título com o qual o povo judeu homenageia pessoas de outras
nacionalidades que prestaram auxílio aos judeus durante esse período de
perseguição e genocídio.
De acordo com o comunicado, Helmy chegou à Alemanha em 1922 para estudar
medicina, e depois trabalhou num instituto médico berlinense até 1937,
ano em que foi despedido por ser árabe.
Perseguido pelo regime nazi e discriminado - não pode trabalhar no
serviço médico alemão -, Helmy levantou a voz contra as políticas
racistas nazis e acolheu uma família de judeus desde que começaram as
perseguições em Berlim até ao fim da guerra.
"Era um bom amigo da família e escondeu-me numa cabana que tinha no
bairro de Buch, em Berlim (...) a [polícia política] Gestapo sabia que
Helmy era nosso médico (...) ele conseguiu eludir todos os
interrogatórios e quando era preciso levava-me para a casa de amigos,
onde podia ficar, apresentando-me como uma prima de Dresden", escreveu
depois da guerra Ana Gutman, uma das pessoas que beneficiou da ajuda.
O médico também contribuiu para salvar outras três pessoas da família de
Gutman, oferecendo assistência médica e proteção de vários amigos.
Em 1944, um dos três judeus foi capturado pelos nazis e no
interrogatório contou que Helmy era quem os ajudava e escondia Ana
Gutman. Nesta ocasião, o médico conseguiu também escapar à polícia nazista.
O caso de Helmy e de Frieda Szturmann, a alemã que o ajudava, chegou ao
museu do Holocausto através de umas cartas encontradas recentemente no
Senado de Berlim, ao qual a família Gutman tinha escrito nos anos 1950 e
1960 para dar a conhecer os seus salvadores.
O museu vai expor a medalha e o diploma de reconhecimento de Helmy, até encontrar descendentes do médico.
Do Noticias ao minuto - Via A Vida no Front
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