O anúncio da compra de 36 caças suecos Gripen pelo governo brasileiro
foi destaque na imprensa internacional nesta quinta-feira.
Tanto o americano New York Times quanto o diário financeiro britânico
Financial Times disseram que o Brasil "esnobou" a americana Boeing, que
também participava da licitação junto à francesa Dassault, em um momento
de tensões entre os dois países após as denúncias de que a Agência
Nacional de Segurança dos Estados Unidos teria espionado empresas
brasileiras e até a presidente Dilma Rousseff.
"Quando indagado na coletiva de imprensa se a espionagem tinha
influenciado na decisão do governo de conceder o contrato à (sueca)
Saab, o ministro da Defesa, Celso Amorim, não respondeu diretamente,
preferindo apontar razões como custos e transferência de tecnologia",
afirma o NYT.
Um analista americano do setor de aviação ouvido pelo jornal afirma,
entretanto, que o fator custo deve ter pesado mais na decisão do governo
brasileiro.
"Estamos falando aqui de um serviço militar que não precisa de caças
tão possantes, que sofreu um corte no orçamento e que não consegue mais
voar suas próprias aeronaves", afirmou Richard L. Aboulafia ao NYT.
Ele acrescenta que uma versão básica do caça da Saab custa por volta
dos US$ 45 milhões, comparados aos US$ 55 milhões que teriam de ser
desembolsados para comprar o F/A-18 Super Hornet, da Boeing.
Na mesma linha, o Financial Times diz que o contrato do Brasil com a
empresa sueca pode ser "a pior perda" até agora para os Estados Unidos
desde o início da "disputa amarga" com Brasília após o vazamento de
documentos expostos pelo ex-agente da NSA Edward Snowden sobre
espionagem americana no Brasil.
"A polêmica envolvendo a NSA acabou com as chances da Boeing", avaliou
David Fleischer, analista político da Universidade de Brasília.
Ainda para o FT, as perspectivas do F/A 18 Super Hornet estiveram
sempre ligadas "à questão de se o Brasil queria estreitar laços com
Washington ou afirmar sua independência".
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