Após mais de dez anos de discussão, a presidente Dilma Rousseff decidiu
pela aquisição de caças Gripen NG, da sueca Saab, para a FAB (Força
Aérea Brasileira) para o programa FX-2.
O ministro da Defesa, Celso Amorim, e o comandante da Aeronáutica,
brigadeiro Juniti Saito, concederão entrevista coletiva, às 17h, para o
anúncio da aquisição dos caças. No sábado, o Painel havia antecipado
que a presidente havia comunicado ao presidente da França, François
Hollande, que o Brasil não compraria da França as 36 aeronaves.
É um final surpreendente para a disputa, que teve ao longo do segundo
governo Lula o francês Dassault Rafale como o principal favorito --o
avião chegou a ser anunciado como escolhido pelo presidente e seu colega
Nicolas Sarkozy em 2009, mas o governo brasileiro recuou após a
insatisfação da FAB, que não havia sido consultada sobre a decisão.
Contra o Rafale sempre pesou a questão do preço: seu pacote inicial
chegava a US$ 8 bilhões, embora descontos tenham sido negociados. No
governo Dilma Rousseff, os americanos e seu Boeing F/A-18 passaram à
dianteira por causa de sua oferta comercial mais atraente, de declarados
US$ 7,5 bilhões mas com diversas compensações. A Boeing chegou a
associar-se para vender o novo cargueiro da Embraer, o KC-390.
Só que o escândalo da espionagem da Agência Nacional de Segurança
americana, que incluiu Dilma no rol das autoridades alvo de arapongagem,
derrubou politicamente o F-18.
![[FAB-GRIPEN_NG_-_BR.jpg]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqR69FBCq2Lylp8FJrYTf6v9ph_nNA4HuGNEWnVWMhVEZwZ2ydoicLe6Hb_jxIAf51MuEBptVTkoP1M42tqOAmbrbXIHETJ4J0iPMtMU5r4WA138BLcGzEGaC0L-i9aPRMFSiGuHJe1ljw/s1600/FAB-GRIPEN_NG_-_BR.jpg)
ENTENDA O CASO
Em 2001, na gestão FHC, foi aberto o programa F-X para substituir os
caças de interceptação da FAB (Força Aérea Brasileira). O Mirage-2000
francês, o Sukhoi-35 russo e o Gripen sueco disputavam a preferência.
Após Lula assumir em 2003, o processo foi congelado e, depois,
encerrado. Foi reaberto como F-X2 para a compra de 36 novos caças
supersônicos com capacidade múltipla (interceptação, combate e ataque a
solo), 28 de um lugar e 8 de dois, para substituir gradualmente todos os
modelos em operação (Mirage, F-5, AMX). Foram escolhidos o Gripen, o
Rafale (França) e o F-18 (EUA). Os russos ficaram de fora.
Em 2009, um relatório técnico da Força Aérea deu preferência ao Gripen,
da Suécia. O ex-presidente Lula, contudo, chegou a anunciar que o Rafale
havia vencido. Ele recuou depois e o processo parou novamente.
Com a posse de Dilma em 2011, o processo foi retomado e o F-18 americano
tornou-se favorito. Só que as denúncias de espionagem americana contra o
governo do Brasil interromperam as negociações.
CRONOLOGIA
1994 Governo começa a procurar interessados em oferecer um novo
avião de caça e superioridade aérea para substituir os Mirage e os F-5
Jul.2001 FHC lança programa de modernização da FAB, de US$ 3,54 bilhões em 7 anos. F-X é a prioridade, com US$ 700 milhões
Ago.2001 Edital é lançado. Sukhoi, Mirage, F/A-18, F-16, MiG-29, Eurofighter e Gripen são oferecidos
Out.2001 ''Short-list'' decidido, já sem F/A-18 e Eurofighter, muito caros
Nov.2002 FHC deixa decisão para o sucessor
Jan.2003 Projeto adiado sob alegação de que combate à fome é prioritário; tudo é reexaminado
Out.2003 Processo é reaberto e fabricantes refazem propostas
Abr.2004 Reunião do Conselho de Defesa para decidir o caso é adiada indefinidamente
Fev.2005 Concorrentes recebem carta anunciando fim do F-X
Abr.2005 Russos, suecos, americanos e franceses refazem propostas alternativas de compra direta ou aluguel
Jul.2005 Governo assina memorando para aquisição na França de 12 Mirage-2000C/B
2006 FAB começa a receber novas propostas para os caças, e o programa ganha o nome de F-X2
Out.2008 FAB exclui o Sukhoi-35 (Rússia) e o Eurofighter (EADS). Ficam na disputa o Saab Gripen NG, o Boeing F/A-18 e o Dassault Rafale

Jan.2009 A Folha revela que a FAB dá preferência ao pacote do Gripen
Set.2009 Lula anuncia a compra do Rafale de forma atabalhoada. Recua em seguida
Dez.2009 FAB faz novo relatório, ajustado para aprovar todos os aviões, mas mantém preferência pelo Gripen
Jan.2011 Dilma assume e adia a decisão. Nos próximos dois anos, os americanos ganham terreno
Mai.2013 Boeing assina acordo com a Embraer para vender avião cargueiro brasileiro, virando favorita absoluta ao negócio
Jul.2013 As revelações da espionagem americana contra Dilma e outras autoridades derruba politicamente as chances da Boeing
Dez.2013 O governo escolhe o Saab Gripen
Do UOL
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