A FAB (Força Aérea Brasileira) confirmou que a Embraer será a empresa na
qual o caça sueco Gripen será montado no país, a partir do momento em
que sua linha de produção brasileira estiver estabelecida.
"A gente vai ter o domínio do conhecimento necessário para fazer
integrações [de sistemas do avião]", afirma o brigadeiro José Augusto
Crepaldi Affonso, gerente do projeto na FAB e responsável pelo contrato
com a Saab que foi anunciado anteontem.
O governo vai comprar, por US$ 4,5 bilhões (R$ 10,5 bilhões), 36
unidades do avião. O contrato deve ser assinado até dezembro de 2014. Os
primeiros aviões chegam em 2016. A previsão é que a partir da quinta
aeronave, todas sejam montadas no Brasil.
Apesar de ser a escolha natural, visto que a Embraer é a maior empresa
aeronáutica brasileira, havia especulações sobre o papel que as
instalações da Saab em São Bernardo do Campo teriam no processo, devido
ao lobby do prefeito Luiz Marinho (PT).
Ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marinho sonha com um
polo aeroespacial no ABC paulista, semelhante ao existente ao redor da
sede da Embraer, em São José dos Campos (SP).
Isso dificilmente deverá acontecer, e a fábrica prevista de US$ 150
milhões na cidade fará parte das asas do avião, que serão enviadas para
montagem provavelmente na unidade da Embraer em Gavião Peixoto (SP).
O processo condiz com a prática da Saab. O modelo atual do Gripen, a
versão C/D, tem suas partes principais fornecidas por não menos que seis
países. Um deles, a África do Sul, entrou na jogada por ter comprado 26
caças.
O caso brasileiro é inédito para os suecos, já que a linha sairá da
gelada Linköping (pronuncia-se "linchôpin"). A nacionalização será
progressiva, a depender da capacidade de absorção da indústria nacional,
e está prevista em 40% do avião todo em sua última unidade entregue.
A responsável por essa montagem será a Akaer, empresa de São José que há
quatro anos teve 15% comprados pela Saab. A empresa prevê a criação de
1.800 empregos, num universo de 25 mil da indústria aeronáutica local.
Nas derradeiras unidades, há a expectativa que partes sofisticadas, como
controles digitais do avião, sejam da AEL (empresa gaúcha controlada
pela israelense Elbit).
Mais importante, o plano é que todo o conhecimento de integração de
sistemas tenha sido repassado para o Brasil. Isso começa com um "rig",
espécie de simulador de todos os componentes digitais e eletrônicos do
avião, que capacitará técnicos da FAB e da Embraer a fazer suas próprias
programações.
Do UOL
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