Já se perguntou como você consegue se comunicar com um amigo ou familiar que mora em um país diferente do seu? Ou ainda jogar uma partida frenética do seu game favorito com usuários de outro canto do mundo? Boa parte dessas informações não é transmitida apenas por satélites que orbitam a Terra, mas também por grandes estruturas no fundo dos oceanos responsáveis pelo tráfego de dados intercontinentais.
O Brasil tem apenas quatro ligações com outros locais do globo. No entanto, empresas estão investindo cada vez mais nesse tipo de conexão. Em outubro do ano passado, a empresa norte-americana Seaborn Networks anunciou a construção de um novo cabo que vai ligar os municípios de Nova Iorque e São Paulo. Já agora em janeiro, a Telebras confirmou que uma nova estrutura irá ligar o país à Europa, o que deve tornar o acesso à internet por aqui mais rápido e barato.
Depois da América do Norte e do continente europeu, chegou a vez da África se conectar ao Brasil. Isso porque a operadora Angola Cables vai construir um novo sistema de cabos submarinos que vai ligar Fortaleza, no Ceará, à Luanda, capital da Angola. Segundo o jornal O Globo, o projeto é o primeiro no Hemisfério Sul a ligar o Brasil à África e deve ficar pronto entre o final de 2015 e começo de 2016.
Serão 6.000 quilômetros de cabos entre a capital angolana e a cidade do nordeste brasileiro, com capacidade de transmissão de 40 terabits por segundo para conexões internacionais de internet. De acordo com António Nunes, presidente da Angola Cables, as rotas internacionais da internet a partir do Brasil ficarão mais diversificadas e vão permitir mais agilidade nos negócios. Entre as principais indústrias beneficiadas com os novos cabos submarinos estão a mídia, a financeira e a petrolífera.
"O objetivo é conectar o Brasil mais rapidamente à África e à Ásia, sem ter de passar pelos hubs europeus", disse Nunes. "Hoje o conteúdo da internet é muito desenvolvido em vídeo, e o SACS (South Atlantic Cable System) permitirá a transmissão mais rápida desse conteúdo multimídia. Da mesma forma, a Petrobras poderia controlar remotamente de forma mais dinâmica uma prospecção em Angola, digamos".
Nunes explica que serão investidos US$ 160 milhões na construção dos cabos e que recebeu total apoio do governo brasileiro para começar o projeto. Do ponto de vista africano, a meta da Angola Cables é tornar Angola um ponto importante no continente e permitir a troca cultural online entre seus países. Além disso, o executivo diz que a operadora vai operar sozinha o SACS, pelo menos em um primeiro momento, e que parceriais brasileiras devem acontecer conforme o projeto estiver em andamento.