A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que faz
campanha para que as Ilhas Malvinas sejam parte de seu país, disse que o
referendo da semana passada na Crimeia é tão sem valor quanto aquele
realizado no ano passado no território britânico no Atlântico Sul.
Há tempos Cristina vem clamando o arquipélago para a
Argentina, que em 1982 entrou em guerra com a Grã-Bretanha pela posse do
território.

"Simplesmente não podemos defender a integridade da
Crimeia e não a das Malvinas," afirmou. A Grã-Bretanha diz que a Rússia
violou a lei internacional e a integridade territorial da Ucrânia ao
anexar a Crimeia.
Os moradores das Malvinas votaram quase unanimemente para continuar sob domínio britânico em um referendo de março de 2013.
Os britânicos reivindicaram a posse das ilhas,
localizadas na costa sul da Argentina, em 1833, apesar do argumento
argentino de que as herdou da Espanha na independência e que a
Grã-Bretanha expulsou uma população argentina.
"Que valor tem um referendo em uma colônia ultramarina a 14 mil quilômetros do Reino Unido?", indagou Cristina.
A Guerra das Malvinas, que matou cerca de 650 argentinos
e 255 britânicos e terminou quando a Argentina se rendeu, é lembrada
por muitos na Argentina como um erro humilhante da ditadura brutal e
desacreditada que estava no poder à época.
A maioria dos países latino-americanos e muitas nações
em desenvolvimento expressam apoio à Argentina, que renovou sua campanha
desde que empresas britânicas começaram a prospectar petróleo e gás
natural na costa das Malvinas, chamadas de Falklands na Grã-Bretanha.
"Deveríamos apoiar a integridade de todos os países. No
final das contas, as Malvinas sempre foram argentinas, enquanto a
Crimeia pertencia à União Soviética e foi entregue aos ucranianos por
(ex-líder soviético Nikita) Khrushchev".
No dia 14 de março, o ministro das Relações Exteriores
da Rússia, Sergei Lavrov, disse que a Crimeia significa mais para a
Rússia do que as Malvinas para a Grã-Bretanha.
Do Terra

"Reivindicamos as potências que, quando se fala de integridade
territorial, seja aplicável para todos, porque meu país sofre
cerceamento territorial por parte do Reino Unido nas ilhas Malvinas",
declarou Cristina junto ao presidente francês, François Hollande, ao
término de um encontro em Paris.
Ela reprovou, em particular, o Reino Unido e os Estados Unidos, que
ao contrário do que fizeram com a Crimeia, se manifestaram a favor do
referendo organizado nas Malvinas. Ela argumentou que o arquipélago,
cuja soberania Argentina é disputa com os britânicos, é "uma colônia de
ultramar a mais de 13 mil quilômetros de distância" de Londres.
A presidente argentina tomou a palavra após Hollande, que momentos
antes tinha informado que ambos tinham coincidido nos "princípios" em
sua análise sobre a crise da Ucrânia: a do direito internacional e o da
integridade territorial".
"É fundamental para preservar a paz no mundo (...) é não ter um padrões duplos na hora de tomar decisões".
"Ou estamos de acordo com todas as integridades territoriais e com a
soberania de todos os países (...), porque definitivamente as Malvinas
sempre pertenceram à Argentina, (....) ou realmente vivemos em um mundo
onde não há direito, onde não há respeito ao que dizemos, mas prima a
relação do mais forte", assinalou.
A presidente argentina disse que se "preocupa" com o que ocorre na
Ucrânia e que, "como um país de paz", a Argentina acredita que o caso
com a Rússia "deve ser resolvido em um clima de negociação política e em
um marco de paz".
"Seria um paradoxo que agora que se completa o centenário da Primeira
Guerra Mundial, a Europa e o mundo tenham que enfrentar situações de
conflito armado".
Do Yahoo
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