Um Passageiro do avião Hércules C-130 da FAB (Força Aérea Brasileira) que
se acidentou na última quinta-feira (27) na Antártica relatou momentos
de pânico durante a aterrissagem da aeronave na base chilena Eduardo
Frei. Segundo reportagem publicada hoje pelo jornal "O Globo", a
aeronave "rodopiou" na pista. Uma fonte que pediu para não ser
identificada repassou uma fotografia do local do acidente para a
reportagem do UOL.
Segundo o jornal, a aeronave transportava 40 pessoas entre tripulantes e passageiros. De acordo com o relato de um passageiro que preferiu não se identificar, "a aeronave deslizou por alguns segundos até rodopiar".
Pelas fotos, é possível ver que uma parte do trem de pouso se quebrou e uma das hélices do avião se desprendeu da asa direita.
Ainda de acordo com o relato, militares ordenaram que os passageiros deixassem a aeronave imediatamente após a aterrissagem. Uma vez em solo, eles foram orientados a se afastar do avião pois haveria o risco de uma explosão. "Afastar, afastar! Pode explodir", disse um militar segundo o relato.
De acordo com a fonte citada pela reportagem, tripulantes e passageiros foram levados à base chilena, onde receberam atendimento médico e alimentação. De acordo com o jornal, os brasileiros foram depois transportados para um navio da marinha brasileira, Ary Rongel, no qual o grupo foi levado para a cidade chilena de Punta Arenas.
Durante a viagem, porém, um vazamento de óleo no navio foi detectado e oficiais alertaram o grupo para o risco de incêndio. O acidente, no entanto, não ocorreu.
O acidente com o Hércules C-130 da FAB foi o segundo revés da missão brasileira na Antártica em dois anos. Em 2012, um incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz causou a morte de dois militares.
A estação, que abrigava militares e cientistas, ficou desativada até março deste ano, quando a atividade no local foi retomada.
Segundo o jornal, a aeronave transportava 40 pessoas entre tripulantes e passageiros. De acordo com o relato de um passageiro que preferiu não se identificar, "a aeronave deslizou por alguns segundos até rodopiar".
Pelas fotos, é possível ver que uma parte do trem de pouso se quebrou e uma das hélices do avião se desprendeu da asa direita.
Ainda de acordo com o relato, militares ordenaram que os passageiros deixassem a aeronave imediatamente após a aterrissagem. Uma vez em solo, eles foram orientados a se afastar do avião pois haveria o risco de uma explosão. "Afastar, afastar! Pode explodir", disse um militar segundo o relato.
De acordo com a fonte citada pela reportagem, tripulantes e passageiros foram levados à base chilena, onde receberam atendimento médico e alimentação. De acordo com o jornal, os brasileiros foram depois transportados para um navio da marinha brasileira, Ary Rongel, no qual o grupo foi levado para a cidade chilena de Punta Arenas.
Durante a viagem, porém, um vazamento de óleo no navio foi detectado e oficiais alertaram o grupo para o risco de incêndio. O acidente, no entanto, não ocorreu.
O acidente com o Hércules C-130 da FAB foi o segundo revés da missão brasileira na Antártica em dois anos. Em 2012, um incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz causou a morte de dois militares.
A estação, que abrigava militares e cientistas, ficou desativada até março deste ano, quando a atividade no local foi retomada.
A FAB informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que investiga
os fatores que causaram o acidente com o avião Hércules C-130.
De acordo com a FAB, o avião foi retirado da pista de pouso da base
aérea chilena Presidente Eduardo Frei Montalva, mas não há previsão
sobre a remoção definitiva da aeronave da base.
A pista está liberada para pousos e decolagens.
A aeronave realizava uma missão do Proantar (Programa Antártico Brasileiro), coordenada pela Marinha.
Do UOL
Um acidente com um avião Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB)
na Antártica, ocorrido na quinta-feira passada, foi noticiado com
discrição. A FAB divulgou uma nota de quatro linhas, informando que a
aeronave se acidentou no pouso e que não houve feridos. Um passageiro
que estava no voo, localizado pelo GLOBO, relatou o drama e a tensão que
foi para quem estava no avião e os momentos posteriores ao acidente.
O Hércules cumpria mais uma missão do Programa Antártico Brasileiro.
Entre militares e civis, que visitaram a estação, estima-se que 40
pessoas estavam a bordo. A testemunha conta que houve forte impacto no
pouso, que deixou na pista um pedaço do trem de pouso, um motor e uma
hélice. “A aeronave deslizou por alguns segundos até rodopiar”, conta o
passageiro, que preferiu não ser identificado. Na sequência, um militar
da tripulação ordenou que todos abandonassem a aeronave e soou uma
sirene barulhenta.
Já do lado de fora, outra ordem: “Afastar, afastar! Pode explodir”.
Entre os civis estavam presentes vários servidores públicos do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), da Secretaria de Tesouro Nacional, da
Secretaria do Orçamento Federal, além do pessoal do Ministério da
Defesa. Abaixo, trechos do relato do passageiro do voo ao GLOBO.
“AFASTAR, AFASTAR! PODE EXPLODIR”
“Logo depois do forte impacto, a aeronave deslizou por alguns
segundos até rodopiar pela pista antes de parar totalmente. No instante
seguinte, veio de um suboficial da tripulação a ordem para abandonar a
aeronave, enquanto a sirene soava de forma estridente alertando os
passageiros sobre o perigo iminente. Rapidamente, todos se levantaram
sem saber ainda o que estava acontecendo. Uma pequena gritaria
contrastava com o silêncio que vinha da pista gelada. Assim foi nossa
chegada à Antártica, numa quinta-feira, dia 27 de novembro, por volta
das 11 da manhã, hora local. Já do lado de fora, os passageiros se
aglomeravam sem saber para onde ir, quando se ouviu nova ordem:
‘afastar, afastar... pode explodir, pode explodir!!!!’ Meio sem rumo, as
pessoas iam para o mais longe que podiam, ao mesmo tempo que tomavam
consciência do que havia ocorrido, ao verem o grande C-130 desfalecido
sobre a pista. Na aterrisagem, a aeronave deixou pela pista uma perna do
trem de pouso, um motor e uma hélice, que estavam aproximadamente a 200
metros de onde nós estávamos. Apesar de a sensação térmica estar em
torno de -20°C, o frio pouco importava naquele momento em que as pessoas
percebiam que, por pouco, a aeronave não havia parado nas águas da Baia
do Almirantado.”
“ERA ATERRORIZANTE A IDEIA DE A NOTÍCIA CHEGAR PELA IMPRENSA AOS FAMILIARES”
“Rapidamente após o acidente, militares chilenos chegaram próximo ao
local para nos conduzir até a base deles. Na caminhada, um misto de
susto e medo dominava o semblante de todos. Nesse instante, o sopro do
forte vento, de aproximadamente 50 km/h era o único som que se ouvia.
Ninguém falava nada. Era como se todos estivessem se perguntando se
aquilo estava realmente acontecendo. Dez minutos após o acidente, todos
já estavam devidamente abrigados na acolhedora estação chilena, onde foi
montado um comitê de crise para definir as próximas ações. A
preocupação, nesse instante, era tentar contato com os familiares no
Brasil, pois era aterrorizante a ideia de a notícia chegar às famílias
por meio da imprensa. O grande problema era a falta de sinal de celular,
somente os telefones chilenos possibilitavam a comunicação. O temor
aumentou quando um canal de televisão do Chile noticiou o acidente.
Agora era questão de tempo para a imprensa brasileira replicar o
ocorrido.”
“MAR MUITO AGITADO”
“A grande preocupação dos membros do comitê de crise era definir como
seria possível viabilizar a retirada dos mais de 40 passageiros e
tripulantes da Antártica, uma vez que o C-130 estava interditando a
pista, o que impossibilitava o pouso de outra aeronave. Por esse motivo,
decidiu-se pelo transporte de navio da Antártica para a cidade de Punta
Arenas, no Chile. Decidido o meio de transporte, agora era necessário
operacionalizar a retirada. O primeiro desafio era levar o grupo a bordo
do navio de apoio oceanográfico Ary Rongel, embarcação pertencente à
Marinha do Brasil que faz apoio aos pesquisadores brasileiros na
Antártica. Para tanto, era necessário caminhar da estação chilena até o
ponto em que o grupo iria ser embarcado em um bote para ser levado até o
navio. Mais um problema: as condições meteorológicas não permitiam a
operação: o vento estava demasiadamente forte e o mar muito agitado.
Deveríamos aguardar! Aliás, esse foi o verbo mais conjugado na viagem."
“PRIMEIRA REFEIÇÃO DOS RESTOS DAS NOSSAS VIDAS”
“Gentilmente, os chilenos providenciaram almoço para todos, um
saboroso filé de frango com purê de batata. Era a primeira refeição do
resto de nossas vidas. À tarde, as condições ficaram mais severas, o
vento aumentou de tal forma que era quase impossível caminhar do lado de
fora da estação. Mesmo assim algumas pessoas se aventuraram em um
passeio pela neve. Naquela altura, já pensávamos que teríamos que
pernoitar na estação. No entanto, por volta das 17h, chegou a previsão
de que teríamos uma janela entre 19h e 21h para realizar a operação de
traslado para o navio. O tempo estava tão fechado e o vento tão forte
que era difícil imaginar que em 2 horas as condições iriam melhorar, uma
vez que qualquer coisa a mais de 100 metros de distância se perdia na
profusão de branco e cinza que se misturava entre neve, céu, nuvens e
neblina”.
“UMA PESSOA NÃO DURA TRÊS MINUTOS NA ÁGUA GELADA DA ANTÁRTICA”
“Durante nossa aventura, aprendemos a confiar nas previsões
meteorológicas. Quase que milagrosamente, às 19h as condições já estavam
propícias para fazer o traslado. O vento, que anteriormente soprava com
fervor, agora havia baixado para pouco mais de 20 km/h. Dessa forma,
pudemos caminhar até o local de embarcar nos botes, a cerca de 1 km da
estação.Em grupos de 10 pessoas embarcamos nos botes para uma travessia
de aproximadamente dez minutos até o navio Ary Rongel. Na verdade, era
apenas um bote que ia e voltava até transportar todos. Nesse momento,
duas coisas preocupavam: a primeira é que os meteorologistas de lá são
muito bons, e, por isso, tínhamos pouco menos de 120 minutos para fazer
quatro pernadas de bote, sendo que cada uma durava em torno de 25
minutos; e a segunda é que uma pessoa não dura mais do que três minutos
em caso de queda nas águas geladas da Antártica. Passamos por essa fase
sem muitos problemas, tirando o fato de que era impossível acabar a
travessia sem ter sido batizado e, por consequência, chegar a bordo do
Ary Rongel um tanto quanto molhado. Considerando que a temperatura da
água estava em torno de 1°C e que vento já soprava mais forte, o frio
nos castigou naquele momento”.
“UM DRAKE NO MEIO DO CAMINHO”
O embarque no Ary Rongel nos deu a sensação de estarmos chegando em
casa. Estávamos em solo brasileiro, pelo menos era assim que nos
sentíamos, com uma tripulação que se desdobrou para nos dar o máximo de
conforto, apesar de haver bem menos leitos do que o número de
embarcados. A bordo tínhamos boa comida, uma sala de estar que contava
com uma vasta seleção de filmes e um camarote que, apesar de ser
bastante espartano, dava para esticar o esqueleto. A roupa era a do
corpo, mas a tripulação nos fez a benesse de conceder um kit para
higiene pessoal. Ocorre que no meio do caminho havia uma pedra, ou
melhor, um Drake (zona na extremidade da América do Sul e a Antártica,
com as piores condições meteorológicas). Logo percebemos que a travessia
não seria esse mar de rosas. Pouco antes da meia-noite, o navio já
balançava bastante, fazendo as primeiras vítimas, que corriam para o
médico clamando por um comprimido de Dramin. O nosso pequeno navio, com
cerca de 75 metros de comprimento, não parava de chacoalhar. Na manhã
seguinte, poucas pessoas se arriscavam a tomar café da manhã. No almoço
foi a mesma coisa, apesar de os “lobos do mar” dizerem que não se podia
deixar o estômago vazio e que ficar deitado era o mais aconselhado para
não passar mal. O primeiro dia a bordo foi na cama para quase todos os
“marinheiros de primeira viagem”.
“RISCO DE INCÊNDIO A BORDO DO NAVIO”
“O segundo dia de mar nos reservou mais um grande susto. O velho Ary
Rongel de tanto balançar sentiu o golpe. Fomos acordados pela tripulação
com a ordem de nos reunir na Praça d’Armas, pois havia sido detectado
um vazamento de óleo que poderia levar a um incêndio a bordo, situação
que a embarcação havia passado há pouco tempo. Mas, mais uma vez, não
passou de um susto. A tripulação conseguiu conter o vazamento e realizar
os reparos necessários. O alvorecer do quarto dia começou a trazer um
alento para o grupo. Estávamos navegando no famoso Canal de Beagle, um
dos locais mais belos do mundo. Por águas extremamente calmas rumávamos
para o Norte acompanhados de lindas geleiras e cachoeiras que
circundavam o navio a todo momento”.
“PACIÊNCIA, PERSEVERANÇA, ESPÍRITO DE GRUPO”
“Apesar de todos os percalços, a viagem foi muito proveitosa. Pudemos
aprender como brasileiros, militares e civis, se entregam a uma
inóspita condição de vida para defender os seus ideais. A base
brasileira Comandante Ferraz, na Antártica, abriga pesquisadores que
abandonam o aconchego dos seus lares por meses a fio atrás de respostas
para as suas teses e dissertações. A presença na Antártica somente é
possível pelo importante papel exercido pelos militares no apoio à
pesquisa. A Marinha do Brasil, além de ser responsável pela base
Comandante Ferraz, mantém dois navios destacados exclusivamente para
tanto, os já mencionados Maximiano e Ary Rongel. A Força Aérea
Brasileira realiza, por meio de seus bravos C-130, o transporte de carga
e pessoal para o continente gelado. Ao final dessa aventura, é certo
afirmar que voltamos para casa com nossa bagagem mais carregada. Muitas
foram as lições aprendidas. Paciência, perseverança, espírito de grupo e
preocupação com o próximo fizeram parte de nossa rotina nesses dias.
Sinceramente, agradeço a Deus pela oportunidade que nos deu, mas,
principalmente, pela dádiva de podermos estar voltando para a casa.
Bravo Zulu!!! (mensagem de cumprimento na Marinha após missão bem
realizada)”.
Fonte: O Globo - Via Cidade Verde
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