As matérias em questão foram publicadas em 25 de fevereiro de 15 de
abril do ano em curso. São baseadas em informações vazadas que indicam
que o Serviço Federal para a Proteção da Constituição da Alemanha
estudava planos de pedir mais verbas para monitoramento da mídia social e
espionagem online.
Neste 30 de julho, o site publicou outra matéria, que trata da nova
estratégia do Ministério da Defesa da Alemanha de preparar a base
digital para uma possível “ciberguerra” “na quinta dimensão”.
Isso acontece em um contexto de tensão em torno ao escândalo de
espionagem da NSA (Agência Nacional de Segurança, dos EUA) com suposta
participação do serviço de inteligência alemão, BND. O Bundestag
(parlamento da Alemanha) até criou uma comissão que agora ameaça com
abrir uma
de Angela Merkel por “conluio” com espionagem estrangeira.
Segunda vez na história
A última vez que um periódico foi acusado de alta traição na Alemanha
deu-se em 1962, quando a revista Der Spiegel tornou-se alvo de buscas e
perseguição após a publicação de um artigo com críticas ao estado do
Exército alemão. O escândalo terminou com a demissão do então ministro
da Defesa.
Protesto
Em outra publicação, uma autora do Netzpolitik informa sobre uma
manifestação de protesto contra a decisão das autoridades alemãs. Os
manifestantes irão marchar desde a estação ferroviária de
Friedriechstrasse até o prédio do Ministério da Justiça, em Berlim.
A oposição parlamentar também já se pronunciou contra a investigação.
Segundo Renate Kunast, do partido Verde, trata-se de uma “desgraça
constitucional”.
A Sputnik contatou Hendrik Zorner, secretário de imprensa da União de
Jornalistas da Alemanha, para saber a opinião dele no tocante a este
assunto. Perguntado se dava razão às autoridades que iniciaram a
investigação, Zorner disse o seguinte:
"Não, definitivamente. Eu não considero isso como uma alta traição.
Os jornalistas não tinham muita dificuldade em obter as informações que
eles divulgaram no blog Netzpolitik.org. Eles escreveram sobre as verbas
que o Serviço Federal para a Proteção da Constituição quer usar para
financiar os seus novos programas. Isso nada tem a ver com alta
traição".
Zorner criticou ainda a postura do presidente do serviço, Hans-Georg
Maassen, que "se empenha em impedir todo o tipo de comentários críticos
que são feitos a ele, e ele quer assegurar que só sejam publicadas
informações que tenham recebido aprovação oficial". E isso, segundo o
porta-voz da União de Jornalistas alemã, não é algo positivo. Os
jornalistas do Netzpolitik deveriam agora "não ficar nervosos, senão
continuar escrevendo" e fazendo o seu trabalho.
0 Comentários