A Marinha vai investir US$ 1,8 bilhão na construção, no Brasil, de
quatro corvetas médias, da nova classe Tamandaré, de 2,7 mil toneladas.
Pelo projeto, serão navios avançados, com ampla carga digital, sistemas e
armamento de última geração.
O projeto vai atender à necessidade da Força de renovar seus meios de
escolta e de emprego geral, além de contemplar futuros negócios no
mercado internacional de equipamentos de Defesa. Cada unidade vai sair
por US$ 450 milhões.
Os estaleiros nacionais envolvidos no
empreendimento trabalharão consorciados com empresas estrangeiras,
especializadas na produção e desenvolvimento de embarcações militares,
em regime de ampla transferência de tecnologia. Segundo o
contra-almirante Petrônio Aguiar, diretor de gestão de projetos da
Marinha, a iniciativa “contribuirá para a capacitação da Marinha no
domínio do ciclo completo da produção de seus próprios navios”.
Ao longo dos próximos meses, até o fim do ano, a Marinha cumprirá uma
agenda de consultas técnicas aos estaleiros interessados no projeto,
daqui e do exterior. O processo licitatório será encerrado em 2018. O
início da construção está previsto para 2019 e as entregas serão feita
no período de 2022 a 2025 – na cadência de um navio por ano.
A longo prazo, as encomendas podem chegar a 12 unidades. O Arsenal da
Ilha das Cobras, no Rio, principal instalação industrial da Marinha
nesse setor, será considerado na negociação, provavelmente nas tarefas
de integração final dos sistemas.
Substituição
Há uma certa pressa na execução do processo. A frota de seis fragatas
de 3,8 mil toneladas, mais duas de 4,4 mil toneladas, está completando
40 anos de atividade na Marinha brasileira. Passaram por um ciclo de
modernização e receberam novos recursos de aperfeiçoamento em vários
momentos durante o tempo de serviço. Mas, segundo especialistas
militares ouvidos pelo Estado, um outro procedimento do mesmo tipo teria
de ser muito extenso e os custos seriam elevados, com resultado
incerto. O grupo será gradualmente retirado de operação na próxima
década.
O conceito das corvetas Tamandaré faz delas uma espécie de
minifragatas. A geração imediatamente anterior, a V-34 Barroso,
construída no Brasil, desloca pouco mais de 1,7 mil toneladas – mil a
menos que a nova classe. Claro, são os menores modelos de navios de
combate, pouco confortáveis para a tripulação, têm menor capacidade de
autonomia e de raio de ação, e também menores alcances dos sensores de
vigilância e das armas. Todavia, cumprem a missão: em 2015, a Barroso
integrou a Força Tarefa Marítima da ONU no Líbano, substituindo a
fragata União.
Mais ampla, a V-35 Tamandaré terá espaço para receber os tubos de
lançamento dos mísseis antinavio Mansup, brasileiros, da mesma classe
dos Exocet MM-40/3, e os casulos de disparo vertical dos Sea Ceptor,
antiaéreos, comprados da MBDA europeia. O desenho crítico das linhas do
casco reduz a visibilidade nas telas do radar, dando à embarcação uma
certa condição “stealth”, de furtividade. A bordo haverá acomodações
para 136 pessoas – tripulantes, mergulhadores, fuzileiros, mais pilotos e
mecânicos do helicóptero orgânico, provavelmente configurado para o
combate antissubmarino.
Plano revisto
Em 2010, como resultado da economia estável e da decisão do governo
de reequipar as Forças Armadas, a Marinha apresentou o projeto ProSuper,
destinado a renovar o conjunto de suas embarcações de superfície,
compreendendo 11 navios, com investimentos estimados em US$ 6 bilhões.
O inventário abrangia, então, cinco fragatas de 6 mil toneladas,
quatro navios-patrulha oceânicos, de 1,8 mil toneladas, e um navio de
apoio, de 22 mil toneladas. Correndo por fora, poderia entrar na lista
um gigante de múltiplo emprego, de 32 mil toneladas, capaz de
transportar tropas, blindados, lançadores de foguetes, lanchas de
desembarque e muitos helicópteros. Porém, faltou dinheiro, e o programa
não avançou.
Mesmo com a escassez de recursos, a Marinha mantém em andamento
avançado o programa ProSub, contratado com a Odebrecht Defesa e
Tecnologia e a DCNS, da França, por cerca de ¤ 6,7 bilhões, e que
resultará em quatro submarinos convencionais de 2,2 mil toneladas da
classe Scórpene/Br, de tecnologia francesa, mais um de propulsão
nuclear. O negócio cobre a construção do estaleiro de onde sairão os
navios e de uma base de operações, tudo em Itaguaí, no litoral sul do
Rio de Janeiro.
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